Redação Pragmatismo
Rio de Janeiro 12/Mar/2019 às 21:10 COMENTÁRIOS
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Filho de Bolsonaro namorou com filha de Ronnie Lessa, admite delegado

Publicado em 12 Mar, 2019 às 21h10

É revelada a primeira relação direta da família Bolsonaro com Ronnie Lessa, apontado pelas investigações como o autor dos 13 disparos contra Marielle Franco. Revelação só ocorreu após delegado ser confrontado por jornalista

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Ronnie Lessa e Bolsonaro (Imagem: Adriano Machado/Reuters)

O delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro e um dos responsáveis pelas investigações da execução de Marielle Franco, admitiu nesta terça-feira (12/3) que a filha do policial militar reformado Ronnie Lessa — preso sob acusação de ser o autor dos disparos — namorou um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro. As informações são do jornal Valor Econômico.

Durante entrevista coletiva, o delegado disse que, apesar de Ronnie ser vizinho do presidente Jair Bolsonaro, não há nenhuma relação direta entre o crime e a família Bolsonaro. “Não detectamos isso. Não é importante para este momento”, afirmou.

No entanto, confrontado por um jornalista sobre o suposto namoro da filha de Ronnie com “um dos filhos mais novos” de Jair Bolsonaro, Lages foi obrigado a admitir. “Isso [o namoro entre os dois] existiu. Mas isso, para nós hoje, não importou na motivação delitiva. Isso vai ser enfrentado no momento oportuno”, acrescentou o delegado, sem dizer, contudo, qual dos filhos do presidente teria namorado a filha do suspeito.

Ronnie Lessa mora no mesmo condomínio do presidente da República e de seu filho Carlos Bolsonaro, na Barra da Tijuca, onde foi preso nesta manhã. Os outros filhos de Jair Bolsonaro são o senador Flávio e o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Além desses, Bolsonaro tem um filho do segundo casamento chamado Jair Renan, de 20 anos.

Na entrevista, com a presença do governador Wilson Witzel, o delegado afirmou que as dúvidas que restam em relação ao assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes serão respondidas na segunda fase da investigação, sobretudo quem foi o mandante do crime.

Ainda nesta terça-feira, a mesma operação que prendeu Ronnie Lessa realizou a maior apreensão de fuzis da história do Rio de Janeiro. O armamento foi encontrado na casa de um amigo de infância do policial. Saiba mais aqui.

Ronnie Lessa

O policial Ronnie Lessa atuava no 9º BPM (Rocha Miranda), chefiado, em muitos momentos, pelo tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira — conhecido pelo público por ser condenado a 36 anos de prisão, acusado de ser o mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli. Cláudio cumpre pena na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Até julho do ano passado, ao menos, Cláudio continuava integrando as fileiras da PM, recebendo a sua remuneração todos os meses. Em junho, mesmo sem servir e proteger a população, Claudio Luiz teve a conta engordada em R$ 19.916,53. Até aquele mês, nos seis anos e dez meses de prisão, ganhou R$ 1,7 milhão entre remunerações e 13º.

A juíza patrícia Acioli foi morta, na porta de casa com 21 tiros, no dia 12 de agosto de 2011, no bairro de Piratininga, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A juíza era titular da 4º Vara Criminal de São Gonçalo e foi responsável pela prisão de cerca de 60 policiais ligados a milícias e grupos de extermínio, fato que teria gerado insatisfação entre os grupos criminosos que atuavam na região.

Atirador preciso

O policial Ronnie Lessa jamais havia sido investigado. Embora os corredores das delegacias conhecessem a fama do sargento reformado, associada a crimes de mando pela eficiência no gatilho e pela frieza na ação, Lessa era, até hoje, um ficha limpa.

Egresso dos quadros do Exército, foi incorporado à Polícia Militar do Rio em 1992 até virar adido da Polícia Civil, trabalhando na extinta Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (DRAE), com a mesma função da atual Desarme, na Delegacia de Repressão à Roubo de Cargas (DRFC) e na extinta Divisão de Capturas da Polinter Sul.

Lessa, como outros adidos (PMs acrescentados aos quadros da Polícia Civil), conhecia mais das ruas do que qualquer policial civil. Logo, destacou-se e ganhou respeito pela agilidade e pela coragem na solução dos casos.

Esta fama, segundo os bastidores da polícia, chegou aos ouvidos do contraventor Rogério Andrade, na época cada vez mais ocupado em fortalecer o seu exército numa sangrenta disputa territorial com o também contraventor Fernando Iggnácio de Miranda. Em jogo, o legado do bicheiro Castor de Andrade, morto em 1997.

Arregimentado por Andrade, Lessa não demorou a crescer na organização e ocupar o destacado posto de homem de confiança do chefe. Até que, em abril de 2010, a explosão de uma bomba no carro do bicheiro não apenas matou o filho dele, Diogo Andrade, de 17 anos, como fulminou a credibilidade de Lessa junto ao chefe, por não conseguir protegê-lo, assim como sua família. O guarda-costa e exímio atirador foi incapaz de evitar a morte do jovem.

Um laudo do Esquadrão Antibombas da Polícia Civil revelou que para explodir o Toyota Corolla blindado de Andrade foi usado um dispositivo acionado à distância por meio de um telefone celular.

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