Massacre na Nova Zelândia deixa 49 mortos; autor é fascista de extrema-direita
Personal trainer de 28 anos que atendia crianças de forma gratuita é autor de um dos massacres mais sangrentos dos últimos anos. Rapaz deixa manifesto em que se declara supremacista branco de extrema-direita. Atentado foi transmitido ao vivo no Facebook
Ataques a tiros simultâneos mataram 49 pessoas durante as orações de sexta-feira (15) em duas mesquitas da Nova Zelândia, no pior massacre a tiros da história do país. Cerca de 48 estão feridas.
Apontado pelas autoridades como o autor do massacre, o australiano Brenton Tarrant, de 28 anos, deixou um manifesto em que se declara fascista e contrário a imigrantes.
Tarrant teria sido o responsável por transmitir o ataque ao vivo pelo Facebook. Ele também publicou um manifesto de mais de 70 páginas no qual se descreveu como “fascista, etnonacionalista contrário a imigrantes e supremacista branco de extrema-direita”. Outras pessoas foram presas.
O personal trainer disse ainda ser “um homem branco comum, de uma família comum”, que nasceu na Austrália em uma família trabalhadora e de baixa renda, além de ressaltar sua origem europeia.
“As origens da minha língua são europeias, minha cultura, minhas crenças filosóficas, minha identidade é europeia e, mais importante, meu sangue é europeu”, escreveu, apontando vir de uma linhagem de escoceses, irlandeses e ingleses.
No manifesto, conta que levou dois anos planejando o ataque, e que sua intenção é fazer com que menos pessoas queiram migrar para “terras europeias” e “mostrar aos invasores que nossas terras nunca serão as terras deles, enquanto um homem branco viver, e que eles nunca irão substituir nosso povo”. Ele disse ainda que queria passar a mensagem de que não há lugar seguro no mundo.
O vídeo transmitido durante o ataque foi gravado com uma câmera presa no capacete. Nas imagens, o atirador invade a mesquita com uma arma de grosso calibre e atira contra as pessoas. Ele dá tiros pelas costas e também em vítimas que já estavam caídas no chão. As cenas também mostram disparos à queima-roupa.
Tarrant trabalhou em uma academia na cidade de Grafton, a 612 km de Sidney, na Austrália, entre 2009 e 2011. Segundo sua chefe à época, ele era um profissional dedicado, que levava os exercícios físicos muito a sério. Ele participava de um programa voluntário para treinar as crianças do bairro.
O massacre
Os alvos dos ataques foram as mesquitas de Masjid Al Noor, ao lado do Parque Hagley, e de Linwood, que estava lotada com mais de 300 pessoas, reunidas para as tradicionais orações do meio-dia de sexta-feira.
Os detidos são três homens (um deles seria o australiano Brenton Tarrant) e uma mulher. A polícia local informou, porém, que não está descartada a hipótese de que outros criminosos estejam envolvidos e foragidos. Nenhum dos suspeitos sob custódia estava em listas de observação da polícia.
Dos 49 mortos, 48 morreram no local e apenas um chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu. Entre os feridos, há crianças e adultos. O governo informou que 12 dos feridos estão em estado grave e precisaram passar por cirurgias. O governo da Malásia afirmou que dois dos feridos são malaios.
O primeiro relato de ataque foi na mesquita de Al Noor, na região central da cidade. Um homem com um rifle automático invadiu o prédio 10 minutos após o início das orações, que começaram às 13h30 desta sexta-feira (por volta das 22h30 no horário de Brasília). Quarenta e uma pessoas morreram no local.
Ahmad Al-Mahmoud, de 37 anos, que rezava quando os disparos começaram, disse ao site Stuff que ele e outros fiéis quebraram vidros de janelas da mesquita para conseguirem escapar.
Segundo testemunhas, o atirador usava capacete, óculos e um casaco em estilo militar. Ele foi descrito como branco, loiro, magro e de baixa estatura.
Os ataques ocorreram em Christchurch, que é a capital da região de Canterbury, na ilha sul da Nova Zelândia. É a 3ª maior cidade do país, com mais de 370 mil habitantes.