As lições que a mídia brasileira não aprendeu com o The Intercept
Caberia aos grandes meios de comunicação, caso trabalhem com a informação e o jornalismo, informar devidamente ao público consumidor que o The Intercept está fazendo um trabalho de jornalismo investigativo dos mais relevantes e abrangentes de que se tem notícia, desde o caso Snowden
Maíra Vasconcelos, Jornal GGN
“A culpa não é de quem não sabe, é de quem não informa”, Caco Barcellos.
Caberia aos grandes meios de comunicação, caso trabalhem com a informação e o jornalismo, informar devidamente ao público consumidor que o The Intercept Brasil está fazendo um trabalho de jornalismo investigativo dos mais relevantes e abrangentes de que se tem notícia, desde o caso Snowden, segundo o próprio site.
O jornalismo investigativo, e suas características um tanto detetivescas e independente de qualquer instituição, com o único dever de servir à sociedade, é quase inexistente, hoje, nos veículos de comunicação. Ao que parece, Caco Barcellos é e será representante máximo dessa categoria, e Tim Lopes permanecerá como exemplo do perigo que o jornalismo investigativo oferece aos poderes vigiados.
Dentro do jornalismo e suas especificidades, o trabalho do jornalismo investigativo deve ser transmitido e explicado ao público. O termo “jornalismo investigativo” deve, sem exceção alguma, ser dito quando se trata de informar que esse tipo trabalho foi realizado.
O jornalismo do The Intercept não pode passar pela agenda pública como trabalho de “espias”, hackers, grampos ou interceptações telefônicas duvidosas, e demais possibilidades técnicas que podem apenas embasar e servir de ferramenta para um extenso trabalho jornalístico investigativo.
Não se trata aqui de uma operação da PF, onde se poderia discutir o uso de grampos ilegais, que chegaram a anular operações como a Satiagraha, por exemplo.
O caso Intercept Moro-Dallagnol trata-se de reportagens de jornalismo investigativo
Faz-se necessário esclarecer as distorções interesseiras e o desmerecimento que parte do meio jurídico, o governo e os grandes veículos de comunicação possam vir a atribuir ao trabalho realizado pelo The Intercept, que desenvolve uma atividade investigativa específica dentro do jornalismo.
O aparecimento das reportagens #VazaJato clareiam tudo que seja o seu oposto, como toda publicidade jornalística que será feita para tentar resgatar o que possa sobrar da Operação Lava Jato.
Se não há educação para consumo dos meios de comunicação, o mercado de mídia continuará servindo desinformação e deseducando a massa de consumidores guiados para fora do debate sobre o direito à informação. Sobre o direito de se saber que determinado juiz-ministro e juristas estão sendo revelados e questionados, em uma trama de corrupção e crime, por um sério trabalho de jornalismo investigativo.
É necessário combater com jornalismo e informação os “questionamentos” políticos interesseiros – principalmente por parte do governo e da grande imprensa – durante o andamento de qualquer atividade jornalística investigativa.
Falar em jornalismo investigativo é informar sobre a importância social deste trabalho e daquilo que está sendo denunciado, como, porquê, e a credibilidade que se deve atribuir ao exercício do jornalismo.
Toda estrutura de poder social – do Executivo ao narcotráfico – dormirá tranquila se pouco ativo estiver o trabalho do jornalismo investigativo. O jornalismo obriga todo e qualquer poder social, que esteja calado ou camuflado por conveniências diversas, a acordar, falar e dar explicações à sociedade.
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