Bolsonaro contrata teatrólogo de extrema-direita para iniciar "Guerra Cultural"
Teatrólogo que reclamou do fim de sua carreira por conta da idolatria a Olavo de Carvalho ganha cargo no governo Bolsonaro. Intenção, segundo ele próprio, é "criar uma máquina de guerra cultural"
Uma semana depois de dizer que “sua carreira” acabou por conta do seu apoio a Jair Bolsonaro e Olavo de Carvalho, o teatrólogo de extrema-direita Roberto Alvim ganhou um cargo no governo federal.
“Hoje, a minha carreira praticamente acabou por conta do meu apoio ao presidente Jair Bolsonaro e por conta da minha admiração declarada ao professor Olavo de Carvalho”, reclamou Alvim em entrevista ao jornal Gazeta do Povo.
“Não sei o que vou fazer com essa carreira. Estou à espera de um milagre, à espera de que alguma coisa aconteça para me dar munição e estrutura”, acrescentou.
A situação “caótica” contada por Alvim não durou mais do que sete dias. Na manhã desta terça-feira (18), o diretor anunciou no seu Facebook que está selecionando artistas conservadores para iniciar uma “máquina de guerra cultural”.
O chamamento de Alvim foi compartilhado pelo próprio Olavo de Carvalho nas redes:
Roberto Alvim foi contratado pela Secretaria Especial da Cultura do governo Bolsonaro. Ele encontrou-se pessoalmente com o presidente da República na última segunda-feira (17).
Jair Bolsonaro contou que telefonou para Alvim após ter tomado conhecimento de notícias em que o artista relatava ter sido perseguido no meio artístico por se declarar seguidor de Olavo. O diretor de teatro afirma que se converteu ao cristianismo após passar por um tratamento para a retirada de um tumor no intestino.
O ministro da Cidadania, Osmar Terra, afirmou que o teatrólogo ganhou um cargo público no governo, mas não quis entrar em detalhes sobre as atribuições do posto. “Ele vai fazer parte do governo sim”, limitou-se a dizer o ministro.
Em outro texto publicado em sua página, Alvim fez uma lista diferenciando o que chama de arte de direita e arte de esquerda. “Arte de esquerda é DOUTRINAÇÃO de todos os espectadores; arte de direita é EMANCIPAÇÃO POÉTICA de cada espectador”, diz o dramaturgo.
Roberto Alvim se considerava de esquerda até dois anos atrás, quando foi diagnosticado com um tumor benigno no intestino. Ele diz ter melhorado após receber uma oração da babá evangélica de seu filho.
A partir dali, converteu-se ao cristianismo, virou conservador e mergulhou fundo nos escritos do idelólogo de direita Olavo de Carvalho, a quem chama de “o maior filósofo brasileiro vivo e um dos maiores escritores também”.
Recentemente, Alvim protestou contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de equiparar a homofobia ao crime de racismo e reproduziu uma frase do ídolo Olavo de Carvalho: “Citar os parágrafos da Bíblia que condenam o homossexualismo (sic) é crime de homofobia? Se é, então crime maior ainda será publicá-los por escrito ou vender exemplares do livro que os exibe.”