Redação Pragmatismo
Política 12/Jul/2019 às 14:00 COMENTÁRIOS
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Na ONU, governo Bolsonaro se alia a islâmicos em temas como sexo e família

Publicado em 12 Jul, 2019 às 14h00

O discurso oficial é de que o governo Bolsonaro tem a missão de defender os valores ocidentais e até lutar pela preservação do cristianismo. Mas, nas votações na ONU, o governo descobriu que é um dos poucos no mundo a se associar às ideias ultrarradicais de países islâmicos

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Na ONU, Brasil tem votado com Iraque, Afeganistão, Bahrein, Eritreia e Somália/Reprodução)

Correspondente brasileiro em Genebra, o jornalista Jamil Chade tem testemunhado episódios grotescos e atípicos promovidos pela diplomacia brasileira na ONU.

“O discurso oficial é de que o novo governo brasileiro tem a missão de defender os valores ocidentais e até lutar pela preservação do cristianismo. Mas, nas votações na ONU, o governo descobriu que é um dos poucos no mundo a se associar às ideias ultraconservadoras do mundo islâmico”, relata Jamil.

“Nas últimas semanas, o governo brasileiro mudou radicalmente sua postura na ONU, tentando vetar termos que eram consenso internacional por 25 anos. Com base em avaliações religiosas, o Brasil passou a rejeitar termos como direitos sexuais, igualdade de gênero e outras palavras que possam contradizer a uma visão religiosa de reprodução, homens e mulheres”, acrescenta o jornalista.

Nesta quinta-feira (11), a diplomacia do governo Jair Bolsonaro seguiu países como Iraque, Afeganistão, Bahrein, Eritreia e Somália em votações sobre direitos sexuais e reprodutivos.

Entre as emendas seguidas pelo Brasil está uma proposta do Egito e Iraque que exclui a referência “ao direito à saúde sexual e reprodutiva” em resolução contra o casamento infantil e forçado.

Outra emenda apoiada pela embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo foi movida por Bahrein e Arábia Saudita com o objetivo de enfraquecer a recomendação de educação sexual – não mais recomendá-la “de acordo com a maturidade apropriada”, mas dependente de “devida orientação dos pais e guardiões legais”.

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O Brasil apoiou o texto de resolução sobre educação sexual, com a proposta de extinção da garantia ao “acesso universal à educação abrangente sobre sexualidade baseada em evidências”, proposta pelo Paquistão.

Em todos os casos, o Brasil foi derrotado junto ao grupo de países fundamentalistas islâmicos, encabeçado por Arábia Saudita, Egito e Paquistão. No lado vitorioso, países desenvolvidos como Dinamarca, Inglaterra, Japão, Islândia, Itália, Austrália e os sul-americanos Chile e Uruguai (imagem acima).

A diplomacia brasileira também causou polêmica ao se abster em votação que aprovou investigação sobre as execuções extrajudiciais e sumárias nas Filipinas, governada pelo extremista de direita Rodrigo Duterte.

Leia o texto de Jamil Chade neste link.

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