Ex-noivo se pronuncia sobre suicídio de Alinne Araújo
Ex-noivo de Alinne Araújo se pronuncia e depois apaga perfil nas redes sociais. Estudante foi abandonada pelo companheiro na véspera do casamento, mas decidiu manter a cerimônia. Criticada por internautas, ela cometeu suicídio
“Eu estou tentando escrever, assim que eu tiver forças, eu explico melhor, só posso adiantar que eu não existo mais, estou acabado.”
A publicação acima foi postada por Orlando Costa em suas redes sociais. O homem era noivo da influenciadora digital Alinne Araújo e desistiu de se casar com a moça um dia antes da cerimônia. Eles fariam dois anos de namoro no dia do matrimônio e já moravam juntos.
A jovem de 24 anos, que sofria de depressão, decidiu manter a festa e realizou um casamento consigo mesma. Nas redes sociais, internautas acusaram Alinne de tentar se promover em cima da história para ganhar fama.
“Gente, eu não estou nem aí para o que vocês pensam. Haters, no caso. Vou continuar sendo o que posso ser. Quer me chamar de ‘biscoteira’, marketeira… É legalzão mesmo fazer um marketing sobre uma noiva que foi abandonada no altar”, disse Alinne.
“Eu não precisava de mídia, me promover, fazer marketing, quisera eu fosse isso porque eu não desejo nem ao meu pior inimigo a dor que estou sentindo dentro de mim. É a última vez que me pronuncio sobre essa palhaçada que to querendo me promover, foi um dos piores momentos da minha vida”, desabafou a jovem, pouco antes de tirar a própria vida.
Melhor amiga
Em entrevista ao portal Universa, a melhor amiga disse que imaginava que, mesmo após o trauma, Alinne daria a volta por cima. “Apesar dos comentários ruins, a decisão de casar-se consigo mesma estava tendo uma repercussão positiva. Tinha muita gente da imprensa querendo falar com ela. Eu achei que ela fosse dar aquela volta por cima bem de filme mesmo, sabe?”, afirmou Odara Marina.
Segundo Odara, a relação de Alinne e Orlando Costa era boa. “Ele era um cara bacana e já fez muita coisa por ela, mas a família dele dizia que ela era interesseira e era contra o relacionamento por isso. Acho que ele foi muito influenciado pela família”, diz ela.
A amiga conta ainda que Aline já havia tentado se matar outras vezes. “Eu a conhecia desde os 15 anos e desde sempre ela lutava contra a depressão e a ansiedade. Foram várias tentativas de suicídio. Há uns dois meses, ela ficou internada dois dias depois de tomar muitos remédios. Já se cortou também. Uma vez, a mãe dela pegou ela com metade do corpo para fora da janela”, relembra a amiga.
“Ela tinha uma doença maldita. Apesar de todos os momentos incríveis, tivemos muitos momentos de tensão por conta das tentativas de suicídio contínuas. Quem via ela rir nunca ia imaginar que ela passava uma tempestade dentro de si”, acrescentou Odara.
Entenda o caso
Estudante de Psicologia, Alinne Araújo mantinha o perfil @Sejjesincera no Instagram para falar de saúde mental e temas semelhantes. Um dia antes de se casar, a jovem recebeu uma mensagem do noivo.
“Eu recebi a notícia [do rompimento] enquanto estava dirigindo, tive uma crise no volante, larguei meu carro e me atirei numa via expressa. Mas papai do céu é bom e me salvou mais uma vez. Poderia ficar aqui chorando, mas tem uma festa linda me esperando, então hoje caso comigo mesma em nome da minha vida nova”, disse ela no último sábado (13).
A história se espalhou nas redes sociais no domingo (14) e a jovem passou a sofrer ataques nos vídeos e fotos que compartilhou, vestida de noiva e fazendo a entrada ao lado dos pais na festa de casamento.
Na segunda-feira (15), horas após o casamento consigo mesma, Alinne afirmou, em seu Instagram Stories, que estava sofrendo críticas de pessoas que acharam que ela inventou a história para se promover. Alguns instantes depois, ela se atirou do 9º andar do prédio onde morava, no Rio de Janeiro.
Como ajudar
O número de quem tira a própria vida já ultrapassa a taxa de mortos por HIV no mundo. Mas, segundo a Organização Mundial da Saúde, 90% dos casos poderiam ser evitados. Como? É mais simples do que parece: ouvir quem cogita se suicidar – sem julgamento, com acolhimento, com humanidade.
Se tiver uma brecha com alguém que dê sinais de estar pensando no assunto, diga o mais honestamente possível: “como posso ajudar?”. E, claro, busque sempre apoio profissional. Além de psiquiatras e terapeutas, grupos de ajuda em comunidades e fóruns também servem de canais de extravasamento e conhecimento.
Uma opção é o Centro de Valorização da Vida (CVV). Não é terapia, é quase um pronto-socorro emocional, que oferece ajuda 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Não tem fins políticos, religiosos ou lucrativos. Entre em contato pelo chat no site, pelo telefone (188), por Skype, por e-mail ou pessoalmente em um dos postos de atendimento.