Redação Pragmatismo
Barbárie 28/Nov/2019 às 09:13 COMENTÁRIOS
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"Eu deveria ter dado um tiro no meio da cara dele", diz policial

Publicado em 28 Nov, 2019 às 09h13

Vaza áudio de mulher que humilhou trabalhadores: "O meu descontrole foi pouco. Eu deveria ter dado um tiro no meio da cara dele". Policiais são afastados após vídeo viralizar nas redes

policial Luciana Maria de Souza
A policial civil Luciana Maria de Souza (captura)

O policial civil Mitri Guedes Paranhos e a investigadora Luciana Maria de Souza foram afastados de suas atividades depois de serem flagrados em um vídeo agredindo e humilhando um funcionário dos Correios do Espírito Santo, que estava trabalhando (relembre aqui).

O vídeo, que viralizou na internet e recebeu milhares de críticas, foi gravado na última segunda-feira (25/11) durante manifestação de policiais civis por “melhores salários e condições de trabalho”.

Após a repercussão do vídeo, a investigadora Luciana Maria gravou um áudio divulgado em um grupo de WhatsApp. No desabafo, ela se mostra irritada com as críticas que está recebendo e faz ameaças.

“Ele (funcionário dos Correios) tentou passar por cima de mim. Estávamos lá para defender melhorias para todos os servidores, inclusive pessoas desse grupo. Temos um salário de merda. Vem uma peste desta dos infernos, uma praga dessas e ainda tenta passar por cima da gente […] O meu descontrole ainda foi muito pouco. Eu deveria ter dado um tiro no meio da cara dele. Me desculpem o desabafo”, esbraveja Luciana.

O áudio também repercutiu e a investigadora apressou-se para negar que a voz seja dela. No entanto, a TV Gazeta fez uma comparação e concluiu que as vozes são idênticas – do áudio e da entrevista que ela concedeu à emissora.

O afastamento de Mitri e Luciana está publicado no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira (27) e foi anunciado pelo delegado-geral da Polícia, José Darcy Arruda.

“Nossos policiais são treinados para ter equilíbrio psicológico diante de situações de conflito. O policial civil recebe um treinamento na Academia de Polícia, no sentido de saber conduzir processos e negociações de conflitos. Quando sai dessa realidade, temos que intervir e estamos fazendo isso agora”, disse o chefe da Polícia Civil.

“Eu estou com medo”

Pai de um bebê de 1 ano, o entregador dos Correios está com medo, mantém sua identidade preservada e diz que não denunciará os policiais. Confira abaixo trechos do seu depoimento:

“Por causa das chuvas, acumulou muito serviço e comecei a semana fazendo entregas nos prédios. Fui para a Enseada do Suá, onde fiz entrega, e voltaria para Goiabeiras, por isso passei pela Reta da Penha. Eu parei por causa do protesto. Eles estavam ocupando as três faixas da pista, fui acompanhando eles junto de outros motoqueiros. Até coloquei os dois pés no chão. Um senhor que estava à frente falou: ‘vai me atropelar não, hein’. Eu disse que não. Já fiz manifestação por causa de trabalho, sei que é direito das pessoas.

O policial do vídeo viu a situação e veio para cima de mim gritando que eu não poderia atropelar as pessoas. Isso antes de o rapaz da moto começar a gravar. O policial disse que iria me prender. Eu perguntei o porquê. e nada dele responder. Ele já tinha me segurado pelo braço e torcido pra trás,. Pedi que pelo menos ele me deixasse sair da moto e deixá-la em um lugar seguro, pois havia produtos de entregas ali. E eu queria saber o porquê de estar sendo preso.

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‘Não’. Ele falou ‘não quero ouvir mais não’, o motoqueiro estava do meu lado, pois seguíamos o grupo, achou um absurdo e começou a gravar. Essa mulher não tinha nada a ver com a discussão toda, disse que eu tentei atropelar ela. Veja se eu, com uniforme e moto dos Correios, vou tentar atropelar alguém durante uma manifestação de policiais?

Eu estou com medo. Ouvi áudios de um deles falando que era para ter dado um tiro na minha cabeça. Eu tenho esposa e filho de um ano, nunca tive problema com a polícia. Pelo contrário, tenho amigos militares e civis. Nunca passei por isso na vida. Mas se eu fizer um boletim de ocorrência, vai ter meu nome e meu endereço. Como vou viver assim? Como vou ter paz desse jeito? Não quero problema, não fiz nada para isso tudo. Não estou conseguindo trabalhar mais.”

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