Berlusconi pode pegar seis anos por caso de sexo com menores
Promotoria pede seis anos de prisão para Berlusconi por caso de sexo com menores. Para promotor, não existe dúvida de que ex-premiê italiano teve relações com menor de idade e cometeu abuso de poder
A Promotoria de Milão solicitou nesta segunda-feira (13/05) seis anos de prisão e proibição perpétua de ocupar cargos públicos para o ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi pelo chamado “caso Ruby”, em que o empresário e político conservador é acusado de abuso de poder e incitação à prostituição de menores.
Em uma audiência realizada em Milão, cujo áudio foi divulgado pela imprensa local, a promotora Ilda Boccassini pediu a condenação para o político ao afirmar que “não existe dúvida” de que a jovem marroquina Karima El Marough, conhecida como ‘Ruby’, “tinha tido sexo com Berlusconi e obteve benefícios em troca” quando ainda não tinha completado 18 anos.
Boccassini disse que foram convidadas para festas na mansão de Berlusconi em Arcore, próxima a Milão, meninas “que faziam parte de um sistema de prostituição organizado para a satisfação do prazer sexual” do político.
Ruby “obtinha de Berlusconi diretamente o que precisava para viver em troca das noites em Arcore”, disse a promotora, acrescentando não ter dúvidas de que a jovem se prostituía e que o ex-primeiro-ministro pode ter dado a ela mais de 4,5 milhões de euros, segundo escutas telefônicas e o rastreamento de uma conta bancária do político.
Para a Promotoria, não existem dúvidas de que Berlusconi estava a par que Ruby era menor de idade quando participou de suas festas e supostamente manteve relações sexuais pagas entre fevereiro e maio de 2010, meses antes de a jovem, em novembro desse ano, completar 18 anos.
Na audiência foi abordado também o outro crime do qual Berlusconi é acusado: o abuso de poder que teria cometido pela ligação telefônica que fez em maio de 2010 a uma delegacia de Milão na qual estava detida Ruby por um pequeno roubo para exigir sua libertação, afirmando que a menina era sobrinha do então presidente do Egito, Hosni Mubarak.
“O acusado é culpado do crime de abuso de poder porque, abusando de seu cargo, fez com que a menor recebesse um benefício não patrimonial indevido, que consiste em sua saída da esfera de controle da polícia”, disse a promotora.
Para Boccassini, a quem Berlusconi considera um de seus maiores “inimigos públicos”, o suposto parentesco entre a jovem e Mubarak era “um embuste colossal” e isso também era sabido pelos policiais da delegacia, pois já então se falava da relação do então governante com outra jovem, Noemi Letizia.
Com o pronunciamento da Promotoria, o julgamento em primeiro grau do “caso Ruby” se aproxima de seu final, quando será ditada a sentença, o que pode representar uma nova dor de cabeça para o ex-primeiro-ministro, que no dia 8 de maio viu naufragar seu pedido de apelação da condenação a 4 anos de prisão e 5 de proibição de ocupar cargos públicos por causa de uma fraude fiscal no “caso Mediaset”.
Berlusconi tem ainda pendente em apelação o “caso Unipol”, no qual em primeira instância foi condenado em 7 de março a um ano de prisão por violação de segredo de justiça, ao divulgar ilegalmente escutas telefônicas de uma instrução judicial no jornal “Il Giornale”, propriedade de seu irmão Paolo.