Jornal Nacional sonega notícia do título entregue a Lula em Paris
O Jornal Nacional e os maiores jornais brasileiros sonegaram a notícia de que Lula recebeu ontem o título de Cidadão Honorário de Paris. É como se, em 2001, a imprensa da África do Sul ignorasse a entrega do mesmo prêmio a Nélson Mandela, uma das 17 personalidades que receberam o título antes de Lula
O Jornal Nacional da Rede Globo e os maiores jornais brasileiros sonegaram de seu público a notícia de que Lula recebeu ontem o título de Cidadão Honorário de Paris.
É como se, em 2001, a imprensa da África do Sul ignorasse a entrega do mesmo prêmio a Nélson Mandela, uma das 17 personalidades que receberam o título antes do ex-presidente brasileiro.
Em 2011, a imprensa nacional noticiou a entrega do título ao cacique Raoni, o único brasileiro que recebeu o título antes de Lula.
A desonestidade jornalística da Folha, O Globo e Estadão fica evidente se comparada à repercussão em Paris da entrega do prêmio.
Os conselheiros (vereadores) dos partidos de centro e de direita acusaram a prefeita Anne Hidalgo de usar a popularidade de Lula para se promover às vésperas das eleições municipais, em que ela tentará a sua reeleição.
Eles divulgaram carta para protestar, uma sinalização de que o evento tem relevância.
O boicote comprova que os grandes jornais se tornaram uma organização política de direita no Brasil, empenhada na desconstrução da mais expressiva liderança popular que o Brasil já teve.
Quando Lula foi preso, esses mesmos jornais fizeram intensa cobertura.
Certamente, Lula não se surpreendeu, pois ontem, em seu discurso, ele já havia alertado que a velha mídia foi cúmplice na ascensão do fascismo no país.
“Bastaram 13 anos de governos que olharam o povo em primeiro lugar, para começarmos a reverter a doença secular da desigualdade em nosso país”, disse ele.
“Foram passos ainda pequenos para a dimensão do desafio, mas estávamos no caminho certo, porque 36 milhões saíram da pobreza extrema e o Brasil saiu do tristemente conhecido Mapa da Fome da ONU”, acrescentou.
Disse ainda:
“Este processo, ao longo do qual cometemos erros, certamente, porém muito mais acertos, foi interrompido em 2016 por um golpe parlamentar, sustentado por poderosos interesses econômicos e geopolíticos, com apoio de seus porta-vozes na mídia e em postos-chave das instituições.
Como sabem, a presidenta Dilma, uma mulher honrada, foi afastada pelo Congresso sem ter cometido crime nenhum, num processo em que as formalidades encobriram acusações vazias.
A este primeiro golpe contra a Constituição e a democracia, seguiu-se a farsa judicial em que fui condenado, também sem ter cometido crime algum, por um juiz que hoje é ministro do presidente que ele ajudou a eleger com minha prisão.
Quando a Justiça Eleitoral cassou minha candidatura, contrariando uma determinação da ONU baseada em tratados internacionais assinados pelo Brasil, lançamos a candidatura do companheiro Fernando Haddad.
Ele foi vítima de uma das mais perversas campanhas de mentiras por meio das redes sociais, disparadas e financiadas ilegalmente pelo adversário, num crime eleitoral que denunciamos e que até hoje, passados quase18 meses, não foi julgado pelo tribunal competente.
O candidato que venceu aquelas eleições, dono de um histórico de ataques à democracia e aos direitos humanos, foi poupado pelas grandes redes de televisão de enfrentar em debates o companheiro Haddad. Essa mídia, portanto, é corresponsável pela ascensão de um presidente fascista ao governo do Brasil.”
Desde que Lula foi preso, em abril de 2018, apenas a Folha de S. Paulo solicitou entrevista com Lula, por meio da colunista Mônica Bergamo.
Estadão e Globo nunca manifestaram interesse de ouvi-lo, como se Lula não fosse notícia. Será que as maiores publicações do mundo, que já o ouviram, estão erradas e os jornais brasileiros, certos?
É claro que não.
É que escondê-lo faz parte da estratégia de fazer avançar a agenda neoliberal, da qual Lula é adversário.
Como mostra a repercussão da entrega do título em Paris e comportamento da velha imprensa brasileira, a Globo e os grandes jornais não fazem jornalismo, praticam lobby.