Jornalista diz que clã Bolsonaro está "comemorando a morte de Bebianno"
Corpo de Bebianno é enterrado em tempo recorde, sem autópsia, e família Bolsonaro mantém silêncio sobre a morte do ex-aliado. Deputado e jornalista falam em "comemoração" no Planalto. Único a se pronunciar foi o vice-presidente Mourão
O clima ainda é de silêncio no alto escalão do governo federal a respeito da morte de Gustavo Bebianno. No início desta tarde, o vice-presidente Hamilton Mourão foi o primeiro a se manifestar.
Pelo Twitter, o vice-presidente lembrou que Bebianno, morto na última madrugada aos 56 anos, esteve com ele e Jair Bolsonaro desde o início da campanha. Mourão declarou pesar e minimizou as divergências políticas do ex-ministro com o governo após sua saída da Secretaria-Geral da Presidência.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), lamentou a morte de Bebianno, que era pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro.
O deputado Alexandre Frota (PSDB) insinuou que membros do Palácio do Planalto estão aliviados com a morte de Gustavo Bebianno por acreditar que ele “sabia demais”.
“Bebianno se foi e com ele muitas verdades. O desgosto da vida matou Bebianno. Para uns e outros hoje vai ter festa no Palácio. Para amigos e família a saudade, e para o Brasil uma voz importante que se calou. Triste”, escreveu o deputado.
O jornalista Fábio Pannunzio disse que a morte de Gustavo Bebianno está sendo comemorada pelo clã Bolsonaro.
Não estou sugerindo qualquer responsabilidade do clã Bolsonaro na morte de Bebianno. Mas é óbvio q ela deve estar sendo comemorada. Carluxo o odiava e consegui fritá-lo c/ fake News. Desde então, Bebianno vinha denunciando Bolsonaro, como vc pode ver aqui: https://t.co/W1ONFoN2hu
— Fabio Pannunzio (@blogdopannunzio) March 14, 2020
Transmito meus pêsames à família de Gustavo Bebianno, que esteve conosco desde os primeiros momentos da campanha vitoriosa de @jairbolsonaro . Eventualmente, a política nos afasta, mas não apaga jamais o bom combate que travamos juntos. pic.twitter.com/Mie5llHGzH
— General Hamilton Mourão (@GeneralMourao) March 14, 2020
Lamento muito a morte precoce do Gustavo Bebianno. Tivemos um relacionamento muito respeitoso e ele sempre se mostrou correto e equilibrado no trato dos assuntos. Seria mais um bom quadro para a disputa na nossa cidade do Rio. Meus sentimentos aos seus familiares.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) March 14, 2020
Sepultamento às pressas
Pouco mais de 10 horas depois de ser declarado morto, o corpo de Gustavo Bebianno estava sendo enterrado no Cemitério Municipal Carlinda Berlim, em Teresópolis, região serrana do Rio.
O velório reuniu familiares e políticos, entre eles o governador de São Paulo, João Doria, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araujo, e o presidente do PSDB fluminense, Paulo Marinho.
Amigos de Bebianno chegaram a pedir investigação sobre a morte do advogado, que se tornara crítico do governo Jair Bolsonaro após ser demitido.
A fundadora do movimento Política Viva, do qual Bebianno participava, a empresária Rosangela Lyra afirma que “tudo tem de ser apurado muito em função das mensagens que ele mencionava nas entrevistas”. “Quando se trata de política, poder, interesse, tudo tem de ser analisado”, diz o vice-presidente do PSL, o deputado Junior Bozzella.
Jair Bolsonaro no Twitter
Enquanto a morte de Bebianno se tornou o assunto mais comentado do Brasil, Jair Bolsonaro ignorou a fatalidade e decidiu falar sobre Foro de São Paulo e comunistas no Twitter.
Bebianno foi advogado e coordenador da campanha de Jair Bolsonaro no último processo eleitoral. No governo, ele se tornou secretário-geral da Presidência, um dos cargos mais influentes do Executivo. Foi demitido após desavenças com Carlos Bolsonaro.