Redação Pragmatismo
Saúde 26/Mar/2020 às 20:46 COMENTÁRIOS
Saúde

"Brasileiro tem que ser estudado, pula no esgoto e não pega nada", debocha Bolsonaro

Publicado em 26 Mar, 2020 às 20h46

Na noite desta quinta-feira, Jair Bolsonaro insistiu em minimizar a pandemia do coronavírus no Brasil e voltou a adotar tom de deboche: "brasileiro tem que ser estudado, pula no esgoto e não pega nada". Declaração ocorre no dia em que o país registra pico de mortes e de casos

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Em sua tradicional ‘live do Facebook’ de quinta-feira, Jair Bolsonaro (sem partido) insistiu em minimizar a pandemia do coronavírus no Brasil e voltou a adotar tom de deboche.

De acordo com o presidente, o brasileiro “tem que ser estudado” porque pula em esgotos e “não pega nada”. A mesma declaração foi feita mais cedo por Bolsonaro durante coletiva de imprensa no Palácio da Alvorada em Brasília.

“Eu acho que não vai chegar a esse ponto dos Estados Unidos [número de infecções]. Até porque o brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada. Você vê o cara pulando em esgoto ali, sai, mergulha, tá certo? E não acontece nada com ele. Eu acho até que muita gente já foi infectada no Brasil, há poucas semanas ou meses, e ele já tem anticorpos que ajuda a não proliferar isso daí”, afirmou.

Acompanhado do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, Bolsonaro incentivava o uso de cloroquina como alternativa para tratar pacientes graves de coronavírus.

Bolsonaro voltou a acusar a imprensa de ter plantado “histeria” no Brasil em função da pandemia. Em outro momento, ao ironizar a doença, disse que esqueceu o nome do novo vírus e pediu para que um assistente o relembrasse.

Ele também defendeu, novamente, o fim das medidas de isolamento. “Essa história de que ‘ninguém vai, vale para todo mundo’, tá chegando no desemprego”, disse. “Essa neurose de fechar tudo não está dando certo”, acrescentou.

Bolsonaro comparou ainda o isolamento em massa a um tratamento de quimioterapia que mata a própria vítima de câncer.

“Dá o equipamento de quimioterapia, eu queimo tudo, célula boa, célula ruim. O que acontece? Fica pior. É o que tá fazendo. Para combater o vírus, estão matando o paciente. Aí o pessoal fala: ah, o cara tá preocupado mais com a economia do que com a vida. Meu amigo, sem grana, tu morre de fome”, disse.

No entanto, o que o presidente omitiu é que o estado é obrigado a não deixar o trabalhador “morrer de fome” em situações de crises desta magnitude — é o que estão fazendo praticamente todos os países do mundo onde a pandemia se instaurou.

“Brasileiro tem que cuidar de si mesmo”

O presidente também afirmou que o brasileiro “tem que aprender a cuidar dele mesmo”, ao ser perguntado se o governo estudava alguma medida para implementar o chamado “isolamento vertical”, pelo qual ficam recolhidos somente os que fazem parte de grupo de risco, como idosos e pessoas com doenças crônicas.

“O próprio Mandetta tá convencido disso. Mas a quarentena vertical tem que começar pela própria família. O brasileiro tem que aprender a cuidar dele mesmo, pô”, afirmou.

Casos no Brasil

Nesta quinta-feira, 26 de março, o Brasil tem 77 mortes e 2.915 casos confirmados do coronavírus Sars-Cov-2. Os números são do balanço do Ministério da Saúde, que compilam os dados repassados pelas secretarias estaduais até as 17h30.

Os números de hoje representam o maior pico de mortes e infectados em apenas um dia no país. Ontem, o ministério indicava 57 vítimas e 2.433 casos — 482 a menos de diagnosticados com a doença.

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