"Terrivelmente evangélico", novo ministro da Justiça é contra criminalizar as fake news
Bolsonaro nomeia pastor evangélico para substituir Sergio Moro no Ministério da Justiça. André Mendonça tem ponte com Toffoli, elogiou Lula no passado e se diz contra a "criminalização das fake news". Seu nome ganhou projeção nacional em 2019 após PF montar operação para recuperar seu celular em favela do Rio
André Mendonça, 47, nomeado nesta terça-feira (28) como novo ministro da Justiça, tem pós-graduação em direito pela Universidade de Brasília (UnB) e é pastor na Igreja Presbiteriana Esperança.
O nome de André Mendonça passou a ser mencionado nos bastidores do governo federal desde julho do ano passado. Na época, ele era cotado para virar ministro do STF, e o presidente Bolsonaro chegou a afirmar que indicaria um ministro evangélico para a Corte Suprema.
“Quantos tentam nos deixar de lado nos dizendo que o estado é laico? O estado é laico, mas nós somos cristãos. Por isso meu compromisso: poderei indicar dois ministros para o Supremo Tribunal Federal. Um deles será terrivelmente evangélico”, declarou o presidente em 2019.
Ano passado, o nome de André Mendonça esteve no centro de uma polêmica envolvendo a Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça. A PF montou uma operação para recuperar o celular dele numa favela do Rio.
A corporação chegou a dizer, inicialmente, que o celular era de um delegado da PF, mas depois o próprio então advogado-geral da União comunicou ter perdido o celular, que tinha informações de estado.
Em outubro do ano passado, o novo ministro da Justiça disse que “agora não é hora” de criminalizar as fake news. Filhos de Bolsonaro são investigados por ligação com o compartilhamento de notícias falsas.
O nome de André Mendonça não era o preferido de Bolsonaro para a pasta da Justiça. O presidente queria no comando do ministério Jorge Oliveira, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência e amigo íntimo da família Bolsonaro. O próprio Jorge Oliveira resistiu a suceder Moro e aconselhou o presidente a procurar outros nomes.
Lula e Toffoli
Por indicação do atual presidente do STF, Dias Toffoli, André Mendonça comandou a Advocacia Geral da União (AGU) do governo Bolsonaro. Durante a eleição presidencial de 2018, ele não fez campanha para Bolsonaro.
Seu perfil nas redes sociais revelava mais entusiasmo com a eleição de Marina Silva, então candidata a presidente pela Rede Sustentabilidade.
Em 2002, o novo ministro da Justiça publicou um artigo simpático à vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no jornal Folha de Londrina, quando era procurador da União na cidade.
Mendonça não citou o nome de Lula, mas disse que o triunfo “enchia os corações do povo de esperanças” e que as urnas haviam revelado “o primeiro presidente eleito do povo e pelo povo”.
Acompanhe Pragmatismo Político no Instagram, Twitter e no Facebook