O depoimento comovente de Fernanda Lima sobre o pai com coronavírus
“Reage, pai”: atriz e apresentadora Fernanda Lima fez um forte depoimento sobre o pai, internado com coronavírus há 30 dias e que, segundo ela, pegou a doença “por teimosia e descrença”
A apresentadora e atriz Fernanda Lima, de 42 anos, informou que seu pai testou positivo para coronavírus. Segundo ela, Cleomar Lima pegou a Covid-19 por “teimosia e descrença”. De acordo com o relato da atriz, o pai descumpria medidas de isolamento, o que chegou a gerar brigas entre os dois.
O patriarca está internado há 30 dias. “Discutimos um pouco por telefone. Mas ninguém segurava ele, que subestimou a gravidade da situação”, confessou.
Em um texto comovente nas redes sociais, Fernanda Lima falou sobre a personalidade altiva do pai e pediu: “Reage, pai”. Para logo depois lembrar do último contato com o familiar.
“Já tem quase 30 dias que falamos pela última vez. Ele isolado num quarto de hospital com Covid-19. Parecia sereno, ainda assim senti um certo medo no fundo de seu olhar, embora ele disfarçasse para eu não perceber.
“Tá difícil, dói muito, passa um filme na cabeça… sentimentos de amor misturados com a dor de uma tragédia humanitária, regida por alguns com descaso e irresponsabilidade. Essa subnotificação de infectados que confunde o senso de direção da gente… Ainda não consigo aceitar a teimosia e descrença dele na quarentena. Discutimos um pouco no telefone, mas ninguém segurava ele, que subestimou a gravidade da situação e contraiu o vírus que o colocou nessa situação… Reage pai”, escreveu a apresentadora.
“Escrevo essa linhas para fazer uma homenagem ao meu careca e principalmente para compartilhar com as pessoas a difícil realidade de ter um familiar doente… porque mesmo o meu pai tendo condição de ter atendimento particular, nem assim está conseguindo escapar da gravidade da doença. Reage pai… Já sei que quando sair dessa, vai zoar: “nem o Corona me derrubou”, Reage meu véio amado.”
Confira trechos do depoimento:
Reage pai. Já tem quase 30 dias que falamos pela última vez. Ele isolado num quarto de hospital com Covid-19. Parecia sereno, ainda assim senti um certo medo no fundo de seu olhar, embora ele disfarçasse para eu não perceber.
Eu na rede com a Maria. Ele olhava a netinha e comentava a alegria de termos um novo bebê na família. Me disse que comprou o presente de aniversário dos guris… que logo que estivesse bem, viria trazer pessoalmente e que não deu tempo de escrever o cartão pra eles.
Reage pai. Falou que assim que chegasse em São Paulo iríamos novamente passar uma madrugada no mercado Ceagesp, como fizemos quando eu estava grávida, quase parindo e ele não me deixou ir sozinha.
Enquanto eu comprava plantas e terra, ele sentado junto aos carregadores em seus carrinhos perguntava sobre como era o cotidianos de suas vidas. Sempre curioso e empático.
Volta e meia me chamava pra provar uma cocada ou um caldo de cana… e me chamava do mesmo jeito de sempre… “Naninhaaaa”, eu ouvia a distância aquela voz animada.
Reage pai. Ele sempre gritou com alegria quando avistava um amigo de longe.
Eu me escondia de vergonha mas ele não tava nem aí.
Nenhum encontro passava em branco.
Reage pai…
Meu pai e essa vontade de viver, esse jeito intenso e alegre de passear pela vida, seus planos feitos com um ano de antecedência. “Todas as datas justificam celebração” minha filha.
Dias antes de ir para o hospital já rabiscava uma lista de convidados do próximo aniversário em fevereiro de 2021.
Nunca vi alguém assim, tão feliz e contente, sempre pronto pra um abraço um beijo ou mesmo um forte aperto de mão, sempre olhando nos olhos, com carinho e muita ironia.
Reage pai…
E os aniversários? Sagrados. Queria sempre celebrar junto, mas se não dava, era o primeiro a ligar, a meia noite em ponto. Não só para a familia mas para os amigos, não só os dele mas os meus. Ele parecia mais amigo dos meus amigos do que eu… Enquanto eu sempre preferi ficar mais perto dos mais velhos, da paz e da calmaria, ele prefere os jovens, a novidade, a bagunça, o barulho e a confusão.
Reage pai…
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