Redação Pragmatismo
Saúde 07/Mai/2020 às 10:29 COMENTÁRIOS
Saúde

Mulher que perdeu marido por Covid-19 admite que debochou do isolamento

Publicado em 07 Mai, 2020 às 10h29

“Zombei do isolamento social”, admite viúva de vítima de coronavírus. “Eu não fiquei em casa, meu marido não ficou e, infelizmente, faleceu. Quando cheguei em casa, meu filho me olhou e perguntou: 'mãe, você salvou meu pai?'”. Dias atrás, ela gravou um vídeo minimizando a pandemia

Silvana Cunha isolamento social
Silvana Cunha

“Há 15 dias, eu escutava essas palavras ‘Fique em casa’ e até cheguei a zombar. Fiz um vídeo dizendo ‘fique em casa, mas quem vai pagar nossas contas?’. Essas palavras são muito pesadas para mim hoje porque eu não fiquei em casa, meu marido não ficou e, infelizmente, faleceu. E ontem eu senti o peso dessas palavras mais ainda quando eu cheguei, meu filho olhou pra mim e falou ‘mãe, você salvou meu pai?’ e eu apenas disse que não. Eu disse ‘não, meu filho, ele está com Deus’. Agora eu estou pedindo: fique em casa por que eu sei o peso dessas palavras hoje na minha vida”

O depoimento acima é da comerciante Silvana Cunha, moradora da cidade de Santa Rita (PB), região metropolitana de João Pessoa (PB).

Antes defensora da reabertura do comércio, a mulher hoje implora para que as pessoas respeitem o isolamento social. O marido dela, Marco Cirino da Cunha, de 57 anos, sargento reformado da Polícia Militar, morreu na última quinta-feira (30), por Covid-19.

Silvana é dona de uma vidraçaria. Após a morte do marido, ela fechou sua loja e foi para uma granja da família junto com o filho do casal, de 10 anos. A criança sente falta do pai.

Segundo relata Silvana, Marco começou a apresentar os sintomas de coronavírus, como tosse seca e falta de ar, no dia 15 de abril. No dia 17, Silvana levou o marido até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Tibiri 2, onde foi diagnosticado com pneumonia.

“Implorei pelo exame de Covid porém o médico de plantão falou que não era sintomas de Covid. Ele fez alguns exames e diagnosticou pneumonia, passou um antibiótico e voltamos pra casa”, diz Silvana.

No dia 22, Silvana conta que Marco sofreu uma grande falta de ar e desmaiou. Ele foi levado novamente para UPA onde foi transferido para o Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho, em João Pessoa.

Ainda na UPA, Silvana chamou uma clínica particular para realizar o teste de coronavírus, e o resultado deu falso negativo.

No Edson Ramalho, foi feito um outro teste, que deu positivo para Covid-19. Marco foi entubado, transferido para o Hospital Metropolitano de Santa Rita e morreu no dia 30 de abril. Ele tinha diabetes e doença cardiovascular.

“Esse vírus humilha os seres humanos, porque ele nos faz sentir inválidos diante da situação. Nem um ‘Pai Nosso’ deixaram eu fazer para ele”, lamentou Silvana.

Nesta quarta-feira (6), o Brasil registrou o recorde de óbitos por Covid-19 no período de 24 horas. Foram 615 mortes e mais de 10 mil novos casos confirmados. Nelson Teich, ministro da Saúde, admitiu a necessidade de lockdown.

Marco, de 57 anos, morreu por Covid-19, na Paraíba (reprodução)

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