Redação Pragmatismo
Saúde 15/Mai/2020 às 21:58 COMENTÁRIOS
Saúde

Em velório na Bahia, família abre caixão e cinco pessoas são contaminadas

Publicado em 15 Mai, 2020 às 21h58

Família abre caixão em velório e cinco pessoas são contaminados por Covid-19 em cidade da Bahia que ainda não havia registrado nenhum caso

caixão lacrado coronavírus

Familiares de uma vítima de coronavírus abriram o caixão durante o velório na cidade de Cairu, na Bahia. Menos de uma semana depois, cinco pessoas que estiveram no velório tiveram diagnóstico positivo para Covid-19.

A morte foi registrada na quinta-feira (7/5) por síndrome respiratória aguda grave na Santa Casa de Valença, hospital do município vizinho. Como havia suspeita de Covid-19, o caixão saiu lacrado da unidade hospitalar.

A família, contudo, resolveu abrir o caixão durante o velório, mesmo com recomendações contrárias da secretaria municipal de Saúde de Cairu.

Na segunda-feira (11), saiu o resultado do exame feito pelo Laboratório Central da Bahia que confirmou que a vítima tinha sido contaminada pela Covid-19.

Diante da confirmação, a prefeitura decidiu realizar testes rápidos em todas 12 pessoas que participaram do velório. Houve resistência em parte da família, que não aceitava o diagnóstico de Covid-19 da vítima. Até então, a cidade não havia registrado casos de infectados com o novo coronavírus.

Após convencer os familiares, a prefeitura realizou os testes em 12 pessoas e identificou que cinco delas estavam com Covid-19.

Em nota, a prefeitura de Cairu informou que a família da vítima recebeu “todas as informações para realização do sepultamento seguro, bem como das normas sanitárias indicadas pelos órgãos responsáveis”. Também informou que está monitorando as pessoas próximas à vítima.

Cadáver transmite a doença?

Quando os cuidados necessários são tomados e o manuseio correto é praticado, não há razão para temer a disseminação da covid-19 por cadáveres, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Exceto nos casos de febre hemorrágica (como Ebola ou febre hemorrágica de Marburg) e cólera, os cadáveres geralmente não são infecciosos”, diz a OMS.

“Só podem ser (infecciosos) os pulmões dos pacientes com gripe pandêmica se forem manipulados de forma incorreta durante uma autópsia. Caso contrário, os cadáveres não transmitem doenças”, acrescenta a entidade.

Isso não significa que o vírus morre com a pessoa, porque no caso de doenças respiratórias agudas, os pulmões e outros órgãos “podem continuar a abrigar vírus vivos”.

Mas eles só são liberados, em geral, nos procedimentos de autópsia (como o uso de serras elétricas ou lavagem interna) por funcionários de funerárias e de serviços forenses.

Familiares e amigos de uma pessoa que morreu devido à covid-19 devem esperar por pessoal treinado e adequadamente protegido para preparar o corpo para o enterro ou a cremação.

A epidemiologista Glória Teixeira, professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, destaca a importância de se seguir todos os protocolos.

“O caixão não deve ser aberto de jeito nenhum. A pessoa quando morre, apesar de não respirar ou tossir, ainda coloca secreções para fora pelo nariz e pela boca. Esses líquidos podem vir a extravasar e contaminar o ambiente”, explica.

A orientação é que os corpos sejam envolvidos em lençóis e sacos resistentes antes de serem colocados no caixão, que devem permanecer lacrados.

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