URGENTE: Decotelli deixa o MEC antes mesmo de tomar posse
Nomeado há cinco dias, o ministro da Educação Carlos Decotelli deixa o cargo antes mesmo da cerimônia de posse. Revelações de falsidades e pressão da ala olavista do governo sacramentaram a queda do militar. Veja quem são os cotados para assumir a vaga
Carlos Decotelli não é mais ministro da Educação. O militar ocupou o cargo por apenas cinco dias e caiu após revelações de uma série de falsidades em seu currículo.
Constava no currículo de Decotelli um doutorado pela Universidade Nacional de Rosario, da Argentina. O reitor da instituição, Franco Bartolacci, negou que ele tenha obtido o título, informação antecipada pela coluna Mônica Bergamo. Há ainda sinais de plágio na sua dissertação de mestrado.
Em seu currículo, Decotelli escreveu ter feito pós-doutorado na Universidade de Wuppertal, na Alemanha, que informou que o novo ministro não possui título da instituição.
Em nota divulgada na noite de segunda-feira (29), a FGV (Fundação Getúlio Vargas) negou que o economista tenha sido professor ou pesquisador da instituição.
A informação também constava em seu currículo, inclusive no texto divulgado pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) quando assumiu a presidência do fundo em fevereiro do ano passado.
Em 18 meses de governo, Decotelli foi o terceiro ministro da Educação da gestão Bolsonaro. A escolha de seu nome ocorreu como forma de dar uma imagem técnica ao MEC. Mas os problemas com o currículo provocaram efeito inverso, ridicularizando o governo, exatamente em um momento de necessidade de um sinal de seriedade com a educação.
Seu antecessor no cargo, Abraham Weintraub, deixou o MEC após uma série de polêmicas com o STF (Supremo Tribunal Federal) e fugiu do Brasil. Weintraub é considerado o pior ministro da Educação da história.
Possíveis nomes
Para dirigir o MEC, o mais cotado, por ora, é Anderson Correia, atual reitor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). São cogitados também o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, o ex-assessor do Ministério da Educação Sérgio Sant’Ana e o conselheiro do CNE (Conselho Nacional de Educação) Antonio Freitas, que é pró-reitor na FGV e cujo nome aparecia como orientador do doutorado não realizado por Decotelli.
Sérgio Sant’Ana é quem tem ligação mais estreita com seguidores do escritor de Olavo de Carvalho, influente no governo Bolsonaro. Além disso, também é próximo do setor privado de ensino superior. Antes de ingressar no MEC, foi advogado de grupos educacionais.
Gilberto Garcia também surge como opção. Garcia foi presidente do CNE, reitor da Universidade Católica de Brasília e da Universidade São Francisco (SP), onde leciona atualmente. Colabora com a campanha a favor de Garcia o fato de ele ser pardo e frei, além de contar com boa articulação com o setor educacional e com políticos.
O núcleo militar passou a defender também o nome do professor Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), que ajudou na transição do governo.
Com a possibilidade de uma mudança, deputados e senadores passaram a apoiar que a pasta seja comandada por um parlamentar. O nome favorito no Poder Legislativo é o do senador Rodrigo Pacheco (DEM-RO).
Continua no páreo o presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior), Benedito Aguiar, que é evangélico e tem apoio de parlamentares religiosos.