24 horas após ser acusado de assédio sexual, prefeito de Seul é encontrado morto
Prefeito de Seul, capital da Coreia do Sul, é encontrado morto um dia após acusação de assédio sexual. Filha diz que pai saiu de casa usando uma mochila e um chapéu preto e deixou uma mensagem "similar a um testamento"
O prefeito de Seul, Park Won-soon, foi encontrado morto nesta quinta (9), horas após sua filha ter reportado o seu desaparecimento.
Segundo a Agência de Polícia Metropolitana de Seul, o corpo de Park foi encontrado no Monte Bugak, região norte da cidade, perto do último local rastreado por meio do sinal de seu telefone celular.
A morte do prefeito, que tinha 64 anos, acontece um dia após uma secretária de seu gabinete acusá-lo de assédio sexual à polícia, de acordo com duas redes de televisão do país.
Park havia cancelado sua agenda oficial desta quinta e informou à prefeitura que estava doente.
De acordo com a polícia, a filha do prefeito informou que ele havia deixado a residência oficial às 10h40 (22h40 de quarta-feira, horário de Brasília), usando um chapéu preto e uma mochila, após deixar uma mensagem “similar a um testamento”.
Os agentes foram acionados cerca de cinco horas depois, quando a filha disse que o celular de Park estava desligado.
Centenas de policiais foram destacados para realizar as buscas, com o auxílio de drones e cães farejadores.
Park, prefeito de Seul desde 2011, tinha mais dois anos de mandato. Seu substituto será Seo Jeong-hyup.
O político, do Partido Democrático, era visto como potencial candidato à Presidência da Coreia do Sul nas próximas eleições, marcadas para 2022.
Antes de ser prefeito, advogava contra violações de direitos humanos e ganhou vários casos importantes, como a primeira condenação por assédio sexual na Coreia do Sul, segundo o jornal The New York Times.
Ele também fez campanha pelos direitos das chamadas “mulheres de conforto”, escravas sexuais coreanas forçadas a trabalhar em bordéis para o Exército japonês durante a Segunda Guerra Mundial.
Park também elogiou a coragem das mulheres sul-coreanas quando o movimento #MeToo se espalhou pela Coreia do Sul, em 2018, e apresentou diversas acusações de abuso sexual contra uma série de homens importantes no país.
“Resolver casos individuais não é suficiente. Acho que precisamos de solidariedade social”, disse ele à época, pedindo apoio ao movimento.
O prefeito também se destacou nas manifestações que ajudaram a concretizar o impeachment da ex-presidente Park Geun-hye em 2017.
Como explica o New York Times, Park também foi um dos líderes mais agressivos da Coreia do Sul no combate ao coronavírus, impondo uma série de medidas municipais destinadas a conter sua disseminação, como o fechamento de casas noturnas.
A postura do prefeito levou Seul a registrar apenas 1.390 casos da Covid-19.
Reuters