Homem que jogou gás em pedreiros diz que comprou material nos Estados Unidos
"Vomitei sangue", relata pedreiro atingido por gás enquanto trabalhava em obra em condomínio de luxo. Autor do crime diz que "faria tudo de novo" e que comprou material tóxico para "defesa pessoal"
O gás jogado por Wilson Moreira da Costa em um prédio nos Jardins, região nobre de São Paulo, na última segunda-feira (10), é altamente tóxico e pode levar à morte.
O homem se irritou com o barulho provocado por uma obra no apartamento vizinho e jogou gás por baixo da porta. Quatro operários que trabalhavam na obra passaram mal e foram socorridos.
O gás está sendo periciado e há a suspeita de que seja ilegal. “A polícia apreendeu um produto, um gás. E seria ilegal. A perícia está analisando para ver do que se trata”, diz a delegada Zuleika Gonzalez, que coordena a investigação.
Para Ronaldo Gonçalves, professor de engenharia química da FEI, o produto é um forte repelente inseticida. “Pode haver irritação da mucosa ocular, irritação na pele, vias respiratórias e pode desencadear crises graves respiratórias e cardíacas, e pode se levar a óbito”, diz.
Wilson Moreira da Costa, que jogou o gás, disse que comprou o produto nos Estados Unidos para defesa pessoal.
“Comprei um gás de pimenta nos Estados Unidos para defesa pessoal. Bati na porta várias vezes, nenhum pedreiro abriu a porta. Aí, eu joguei o gás embaixo da porta para ver se parava aquela barulheira que estava me deixando maluco. O gás que eu utilizei não era um gás contagioso, nem um gás que produzia qualquer efeito de intoxicação”, diz.
Segundo Paulo César da Costa, encarregado da obra, a reforma fazia barulhos “normais”. “De furadeira, etc, barulhos de uma obra normal”.
Ele conta que, na segunda-feira, escutou um barulho vindo do corredor. “Parecia um barulho de spray, quando me deparei, veio aquele cheiro de produto químico.”
“Aquela nuvem branca, tudo veio para perto de nós. Eu colocava a camiseta na boca para tentar puxar o ar”, completa o ajudante geral Jairo Neves da Silva.
Para o colega Maurício José da Silva, também ajudante geral, foi ainda pior. “Eu acabei inalando mais produto. E acabou sangrando muito, e acabei vomitando até sangue”, disse.
Wilson diz que, antes de segunda-feira, o homem foi até o apartamento de cima, bateu na porta, mas os pedreiros não o responderam. Um vídeo mostra que ele tentou arrombar a borta.
Ele nega que tenha tentado colar a porta, mas outro vídeo de câmeras de segurança mostram ele passando um produto na porta e, depois, ela aparece com uma gosma de cola. “O que eu fiz não foi crime, foi uma atitude em resposta a outra atitude”, disse Wilson.
Wilson ele está sendo investigado pelos crimes de lesão corporal e por colocar a vida e a saúde das pessoas em risco.
Os pedreiros dizem esperar não passar por isso, mas Wilson, ao ser questionado se faria algo diferente se voltasse no tempo, afirmou que não mudaria nada. “Nada, nada”, disse.
informações do Fantástico