Redação Pragmatismo
Barbárie 28/Ago/2020 às 14:45 COMENTÁRIOS
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Jovem arrastada 4 km por motorista acorda após 12 dias de coma e diz lembrar de tudo

Publicado em 28 Ago, 2020 às 14h45

Jovem teve politrauma, perdeu parte da mama, amputou uma mão, sofreu queimaduras por abrasão e fratura exposta nos joelhos. O motorista, que já teve CNH recolhida no passado e trabalha em gabinete de senador, só se apresentou dois dias após o crime. "Ele arrastou minha filha como se fosse um lixo", desabafa mãe da vítima

Paula Thays Gomes Oliveira
Paula Thays Gomes Oliveira

Paula Thays Gomes Oliveira estava como passageira na moto do namorado quando foi atingida e arrastada por quatro quilômetros por um carro no dia 16 de agosto, em Brasília. A jovem de 18 anos ficou doze dias em coma, em estado gravíssimo, e acordou nesta sexta-feira (28).

Paula Thays teve politrauma, perdeu parte da mama, amputou a mão esquerda e sofreu diversas lesões. A vítima também sofreu queimaduras por abrasão (provocada por fricção no asfalto) e fratura exposta nos joelhos.

“Ela se lembra de tudo. Nos contou como foi o acidente. Sentiu muita raiva e chorava o tempo todo. Pedi para ela parar de contar a história e expliquei que o pior já passou. Eu não consegui ouvir ela relembrar tudo aquilo. Me bateu angústia e vontade de chorar também, mas eu não podia. Não podia chorar ali, ela precisa que eu seja forte”, desabafou a mãe.

Aos familiares, Paula contou que foi arrastada e o motorista a “desmontou”. “Ela dizia que estava toda desmontada, sem parte do braço, sentido dores e toda enfaixada. Também lembrou do momento em que chegou ao hospital, ouviu pessoas dizendo que ela não ia sobreviver”, detalhou Marilene.

Questionada se a família recebeu algum auxílio do motorista responsável pelo acidente, Marilene disse que nem sequer o conhece e que ninguém a procurou. “Arrastou a minha filha como se fosse lixo. Pedi perdão a ela por não estar lá naquele momento, não poder cuidar dela. Mas entregamos nas mãos de Deus e esperamos justiça”, garantiu.

O motorista

O nome do motorista é Caio Ericson Ferraz Pontes de Mello, de 32 anos. Ele só se apresentou à polícia dois dias após o atropelamento. Caio trabalha no gabinete do senador Lucas Barreto (PSD-AP). Por meio de nota, o senador afirmou que não se posicionaria sobre o caso por “entender que o acontecido é de caráter pessoal” do funcionário.

A advogada de Caio, Ana Carolina Alipaz, afirmou que o cliente tem depressão grave, faz uso de remédios controlados e não lembra do acidente.

Caio já teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) recolhida pelo Departamento de Trânsito (Detran-DF), em 2009, por dirigir sob efeito de “substância psicoativa”.

Os arquivos do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) mostram pelo menos 17 infrações cometidas a partir de 2008, quando Caio tinha 20 anos.

Em nove oportunidades, o funcionário comissionado do senador Lucas Barreto (PSD-AP) foi flagrado excedendo o limite da via em até 20%. Em outra infração, ele descumpriu a velocidade máxima entre 20% e 50%. Outras duas autuações vieram após ultrapassar o limite por mais de 50%

Em outras cinco infrações são por andar na contramão, dirigir sob influência de álcool por duas vezes, avançar o sinal vermelho ou placa de parada obrigatória.

Namorado da vítima

Douglas Gonçalves dos Santos, de 20 anos, narrou os segundos de desespero que passou após ele e a companheira serem atropelados por Caio. Eles voltavam de uma lanchonete e Douglas reduziu a velocidade da moto para passar por um radar de fiscalização eletrônica. Neste momento, a moto foi atingida em cheio pelo carro de Caio, que não desacelerou.

“Eu lembro de tudo. Estávamos voltando do Mc Donald’s, quando vi um pardal na minha frente e reduzi. Quando olhei o retrovisor, só deu para ver o farol do carro se aproximando. Não tive tempo para reagir”, conta.

Senti a pancada na traseira da moto, quando vi estava debaixo do carro e ele passando em cima das minhas pernas”, descreveu Douglas.

Caído no chão, o jovem viu Paula ser arrastada pelo veículo. “Ficou grudada no capô do carro, foi arrastada. Ficou toda ensaguentada, cortada e uma parte do peito foi arrancada”, lamentou.

Paula está recebendo acompanhamento psicológico, mas os médicos orientaram a polícia afirmando que ainda não é o momento de realizar a oitiva da vítima. As investigações são comandadas pela 10ª Delegacia de Polícia. O delegado-chefe da unidade, Wellington Barros, afirmou que só vai se pronunciar após a conclusão do caso.

O motorista Caio Ericson Ferraz Pontes de Mello

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