Cantora gospel já havia registrado 4 BOs contra o marido
Após vídeo em que é agredida pelo marido viralizar, cantora gospel relata que sofre todo tipo de violência há bastante tempo: "O próximo vídeo poderia ser meu óbito. É um misto de vergonha porque você não quer acreditar que está passando por aquilo". Nas redes, Quesia dava a impressão de que vivia a vida perfeita
“É um misto de vergonha porque você não quer acreditar que está passando por aquilo, com aquela gravidade. Mas uma hora você vê que está piorando e não quer aceitar. Você quer falar, mas ainda tem medo da pessoa te matar. Só que hoje estou começando a entender que não preciso do perdão dele”, conta a cantora gospel Quesia Freitas Feital, vítima de agressões do marido Bruno Feital.
No último sábado (21), vídeo do marido agredindo a cantora no shopping no Recreio do Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, viralizou, mas, segundo a vítima, aquela não foi a primeira vez. Quesia relata que desde o dia seguinte ao casamento já sofria violência.
Os dois se conheceram há um ano e meio e casaram após um mês de namoro. Ela conta que o marido dizia estar “possesso por um demônio” quando a agredia e que buscava tratamento espiritual. Mas a violência não cessou.
O vídeo viralizou após o irmão de Quesia, o também cantor gospel Juninho Black, publicar as imagens nas redes sociais. Os seguranças do shopping chamaram a Polícia Militar, que conduziram a vítima até a 42ªDP (Recreio), onde ela registrou uma ocorrência contra o marido e solicitou uma medida protetiva. Bruno está foragido.
Quesia já havia prestado outras quatro queixas contra o marido por violência doméstica. Em uma delas, de outubro de 2019, a cantora já havia entrado com um pedido de medida protetiva. O marido tinha que permanecer por cerca de 400 metros distante da mulher. Após alguns meses de separação, este ano, o casal voltou a ficar junto.
A cantora conta que o marido pediu perdão, mas que, logo, as agressões voltaram a acontecer, até uma delas ser registrada publicamente, no shopping. Ela conta que ele explodiu ao pedir um café no local, que não tinha a marca de chocolate que ele gostaria.
Ela, que tem três filhos de outro relacionamento, diz que perdeu a guarda dos filhos por conta de Bruno. “Custava a pegar meu filho mais novo. Nas poucas vezes, ele queria mais atenção do que meu filho de 7 anos”, relata e continua: “Comecei a ter vegonha do meu filho, você começa a abrir mão para proteger.”
De acordo com Quesia, Bruno exigia sexo constantemente, mesmo quando o pequeno estava em casa. “Sofri abuso físico, psicológico e sexual”, lamenta. Ela lembra das estatísticas de feminicídio no Brasil e fala como foi difícil perceber a situação na qual se encontrava. “O próximo vídeo poderia ser meu óbito”, diz.
Para as mulheres que estão em situação de violência doméstica, ela manda o recado:
“Deus não se esqueceu delas e a Justiça está aí também. Por mais dolorido que seja, se for necessário, que elas fujam. Em um horário oportuno peguem só o documento, procurem uma delegacia, peçam ajuda a um vizinho. É um momento que essa mulher não pode ficar sozinha, mesmo que ela tenha vergonha. Depois elas vão entender, os danos vão ficando em cada uma delas. Só agora estou vendo o dano que estava fazendo em mim. Quando vocêsai, você para para pensar em tudo que estava suportando.”
Marie Claire