Bombeiro armado com camisa de Bolsonaro assedia mulher e agride jovem negro
Jovem tentou impedir que bombeiro assediasse mulher em metrô e acabou agredido e humilhado. "Ele acariciou ela. Depois, olhou com aquele olhar sacana de: 'Você gostou?'. Ela ficou pasma, ficou traumatizada. Foi essa a minha revolta". Mulher confirma assédio e se diz grata por ter sido defendida
O bombeiro Guilherme Marques Filho, 52, agrediu um homem negro com ao menos dois tapas na cabeça em Taguatinga, no Distrito Federal, na última sexta-feira (18).
Vestindo uma camiseta em homenagem ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Guilherme segurava uma arma e ameaçava Jair Aksin Reis, de 25 anos.
Jair, que trabalha como programador, foi agredido por tentar defender uma mulher que sofreu assédio sexual do bombeiro no metrô. “Ele acariciou o cabelo dela. Depois disso, olhou com aquele olhar sacana de: ‘Você gostou?’. Ela ficou pasma, ficou traumatizada. Foi essa a minha revolta”, desabafou a vítima.
Parte da cena foi gravada (vídeo abaixo) por uma câmera de segurança de um estabelecimento comercial próximo à estação de metrô onde o assédio aconteceu. O bombeiro Guilherme alega que agrediu Jair porque levou um tapa antes, mas não há imagens nem testemunhas que confirmem a sua versão.
Jair registrou um Boletim de Ocorrência na 12ª Delegacia de Polícia Civil e confirmou que Guilherme Marques assediou uma mulher na estação do metrô.
Segundo o programador, Marques passou a mão nas costas e no cabelo da mulher e sorriu. Por este motivo, o jovem reclamou com o bombeiro. Em seguida, Marques teria sacado a arma, mas os fiscais da estação intervieram.
Tocaia
O programador afirmou que os agentes de segurança do metrô sugeriram que ele esperasse o bombeiro ir embora da estação do metrô. Jair aguardou alguns minutos, mas Guilherme Marques estava lá fora de tocaia.
“Eu fiquei na estação durante 10, 15 minutos e fui para casa. Só que, quando eu estava indo pra casa, ele estava escondido perto de uma escola e tentou me abordar, com a arma em punho. Quando eu vi isso, tentei correr para dentro da loja e fiquei lá dentro. Fiquei posicionado em frente à câmera pra que pudesse pegar toda a ação dele.”
De acordo com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal, as imagens das câmeras de segurança do metrô e os depoimentos das testemunhas serão analisados para confrontar com os depoimentos de Reis e de Marques.
O Corpo de Bombeiros disse que “manifesta-se contrário a qualquer forma de agressão e violência”. A corporação acrescentou que “adotará todos os procedimentos legais necessários e obrigatórios à apuração dos fatos”.
Mulher confirma que foi assediada
Em depoimento, a mulher de 28 anos confirmou que foi assediada pelo bombeiro. “Estava na fila para comprar a passagem, quando um senhor [o bombeiro] chegou e passou a mão em mim. Perguntei o que tinha acontecido e ele saiu de costas, sorrindo”, disse a cabeleireira, que teve a identidade preservada pela polícia.
A cabeleireira comentou que nunca tinha passado por uma situação desse tipo e que se sentiu grata por ter sido defendida por Jair. “Eles [os agressores] acham que tem total liberdade de fazer isso quando querem. Não sei o que passa na cabeça dessas pessoas”, afirmou.
VÍDEO:
Olhem o absurdo! O vídeo mostra um apoiador com camiseta do Bolsonaro armado e agredindo um homem aqui no DF. Coagindo com uma arma de fogo para que ele não se intrometa num caso de assédio contra uma mulher. Os trinta segundos de vídeo mostram o horror o que estamos enfrentando! pic.twitter.com/vrxJ9LQoPO
— Fábio Felix 🏳️🌈 (@fabiofelixdf) December 19, 2020