Internada com coronavírus, mulher denuncia estupro em áudio enviado à mãe
Isolada e internada com Covid-19, mulher grava mensagem desesperada e mãe leva até delegacia para denunciar estupro em hospital do MS. No áudio, ofegante, a vítima descreve em detalhes o ato
Uma mulher de 36 anos, isolada e internada com covid-19 no HRMS (Hospital Regional do Mato Grosso do Sul), afirma ter sido estuprada por um enfermeiro na madrugada de quarta-feira (3).
A mãe dela registrou um B.O. (Boletim de Ocorrência) na Delegacia da Mulher com base em um áudio enviado pela filha por mensagem de celular. No áudio, a vítima descreve em detalhes o ato. Ofegante, em vários momentos, a paciente faz uma pausa para tentar respirar. Ela conta que tentou parar a ação do suspeito, mas estava sem forças.
A vítima descreve o autor como um enfermeiro que estava de serviço naquela madrugada. Ao receber a mensagem, a mãe, Míriam Motta, disse que procurou imediatamente a direção do hospital e a polícia.
O caso foi registrado como estupro de vulnerável — quando praticado com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para oferecer resistência.
Segundo Míriam, a filha estava com medo de denunciar, mas uma de suas motivações para fazer o registro é que outras mulheres não passem pela mesma situação da filha.
“Ela estava com medo de represália, dos colegas dele fazerem algo e temia pela vida dela. Mas eu disse que precisava sim denunciar, porque ela corria o risco até de ser dopada e ele fazer algo pior. Em seguida, ela chamou o pessoal da enfermagem e denunciou. Minha filha até piorou, iam retirar o oxigênio dela antes”, comentou.
“Minha filha percebeu que o autor ficava lhe apertando e passando a mão nela. Ele também passou óleo de girassol nos dedos e tentou tocá-la nas partes íntimas, pedindo a ela para abrir as pernas. Mesmo debilitada, ela resistiu e gravou um áudio para a polícia”, explicou.
“Eu não culpo a equipe médica e nem o hospital. Tenho certeza que eles não estão coniventes com isso. A única coisa errada que achei é que não me forneceram o nome do agressor. Ele disse o primeiro nome para minha filha, se apresentou para ela. Não tenho interesse de arrumar confusão com ninguém, só não quero que esse monstro faço isso com outras pessoas”, finalizou.
O HRMS informou que não se manifestará especificamente a respeito do caso. Em nota, o hospital afirma: “Reiteramos que todos os casos de supostas infrações nos diversos campos, administrativo e assistencial, o HRMS pauta-se nos ditames éticos e legais vigentes para tomada de providências.”