Após morte de bebê de 1 mês, prefeito recomenda “tratamento precoce”
Prefeito lamenta morte de bebê de 1 mês por Covid-19 e indica o “tratamento precoce”, que inclui remédios sem eficácia contra a doença, como cloroquina e ivermectina
Ivan Longo, Revista Forum
Um bebê de apenas um mês 28 dias morreu em decorrência da Covid-19, em Chapecó (SC), na última terça-feira (16).
A informação foi confirmada pelo prefeito da cidade, João Rodrigues (PSD), em transmissão ao vivo veiculada nas redes sociais nesta quinta-feira (18).
Segundo a prefeitura, o bebê estava internado e há ainda uma outra criança com Covid-19 hospitalizada em estado grave, com uso de ventilação mecânica.
A notícia da morte do bebê vem em meio a uma alta dos casos e mortes por Covid-19 em Chapecó, com está com seu sistema hospitalar sobrecarregado e praticamente sem leitos para o tratamento da doença. Atualmente, estão internadas com a doença do coronavírus na cidade 162 pessoas, sendo 62 delas em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Ao atualizar os dados sobre a pandemia da cidade na live desta manhã, o prefeito afirmou que a morte da criança é uma “tragédia”. “Isso é uma tragédia, [bebê de] um mês e pouco faleceu em virtude que ele [sic] foi contaminado pela Covid. Tragédia sem tamanho”, lamentou.
Logo na sequência, Rodrigues começou a pedir para a população se cuidar, já que, segundo ele, “não adianta ter 1 milhão de reais que não tem UTI em Chapecó”.
“Aqui o sem-teto e o milionário estão tendo praticamente a mesma oportunidade”, completou.
Foi aí então que o prefeito passou a indicar, de maneira indireta, o chamado “tratamento precoce” contra a Covid. A terapia que envolve uso de remédios como cloroquina e ivermectina, substâncias que não têm eficácia comprovada contra a doença e que podem, inclusive, trazer risco a quem as consome, é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.
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“Gente, cuida. Eu, por exemplo, passei o Covid. Graças a Deus fiz o tratamento precoce e, para mim, deu certo. Passei praticamente assintomático”, disparou o prefeito, sem fazer qualquer menção ao posicionamento das autoridades de saúde mundiais e especialistas que desaconselham o tal tratamento.
Assista:
Para desafogar o sistema hospitalar e conter a alta no índice de transmissão do vírus, a prefeitura de Chapecó endureceu medidas restritivas até 1º de março, proibindo o funcionamento de clubes e realização de eventos sociais. Restaurantes podem funcionar com horário reduzido e o consumo de bebida alcoólica nas ruas está vetado. O prefeito, no entanto, descarta lockdown.
“Se eu fechar todo o comércio, onde as pessoas vão? Dentro de casa que não vão gente. Fica em casa meia hora, uma hora, duas horas, ninguém suporta. Que fazem? Saem de casa, vão para o sítio, vão na casa de alguém, se aglomera, faz o churrasco e acontece aí a transmissão”, afirmou.