Israel oferece vacinas em troca de reconhecimento de Jerusalém como capital
Enquanto quase todos os países do mundo penam a obter doses do imunizante, como Israel se dá ao luxo de distribui-lo?
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirma que Estados do mundo inteiro procuraram o governo israelense para receber vacinas. Até o momento, cerca de 19 devem se beneficiar, rapidamente, com a doação de quase 100 mil doses oferecidas pelo país, mas a lista completa não foi divulgada.
A emissora pública Kan indica que a República Tcheca, Chade, Guatemala e Honduras estão entre os favorecidos, em troca de reconhecerem Jerusalém como capital israelense – algo que vai de encontro ao consenso internacional, já que a cidade também é reivindicada pelos palestinos. Alguns desses países, como a Guatemala, já colocaram a embaixada na cidade.
Em 2017, porém, o então presidente norte-americano Donald Trump rompeu com o paradigma e declarou Jerusalém como “capital indivisível” de Israel. Desde então, os israelenses se esforçam para ampliar essa via, à qual a vacinação contra a covid é vista como uma oportunidade de ouro, relata o correspondente da RFI no país, Sami Boukhelifa.
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Assim, os países beneficiados teriam recém aberto ou se comprometido a abrir representações diplomáticas na cidade. Além disso, os palestinos moradores de Jerusalém também devem receber doses – o objetivo é tentar calar as críticas feitas aos israelenses a respeito do tratamento dispensado à população ocupada.
Enquanto quase todos os países do mundo penam a obter doses do imunizante, como Israel se dá ao luxo de distribui-lo? Para se abastecer, Tel Aviv recorreu aos laboratórios americanos PfizerBioNTech, principalmente, e Moderna.
São as injeções da Moderna que serão doadas, já que elas exigem uma temperatura de conservação diferente da vacina da Pfizer, utilizada em prioridade. Enquanto os estoques desta não terminarem, os da Moderna devem permanecer sob refrigeração. A situação levou o premiê Netanyahu a elaborar a estratégia da diplomacia da vacina.
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A decisão não agradou a todos. A iniciativa tem suscitado críticas de israelenses descontentes com os custos das doações, pagas pelo Estado de Israel. O ministro da Defesa Benny Gantz, rival político do premiê, denuncia que Netanyahu “dirige o país como uma monarquia”.
Sami Boukhelifa, RFI