"O diabo": cientistas lançam alerta sobre variantes da Califórnia e de Nova York
Nova variante da Califórnia descrita por cientistas como "o diabo" é mais letal e contagiosa. Em Nova York, por sua vez, descoberta de outra variante do coronavírus também preocupa pesquisadores: "Parece escapar da resposta do corpo às vacinas"
Uma nova variante do coronavírus descoberta há cerca de um mês na Califórnia preocupa pesquisadores após descobertas importantes. Ao jornal The News York Times, cientistas descreveram a nova cepa como “o diabo”.
Chamada de B.1.427/B.1.429 (ou simplesmente CAL.20C), a variante mostrou-se mais transmissível e letal que a versão mais conhecida do coronavírus. A “evolução” das mutações do vírus é uma tendência previsível, considerando que o vírus se adapta ao corpo humano e desenvolve mecanismos mais sofisticados para sobreviver.
Segundo o jornal, os dados divulgados ainda passam por estudos mais aprofundados e não foram publicados oficialmente em nenhuma revista científica. As descobertas até agora indicam que a variante pode ser até 40% mais eficaz para atingir células humanas.
Os pesquisadores do Centro Médico Cedars-Sinai, em Los Angeles, analisaram dados publicamente disponíveis de dois clusters ou linhagens de Covid-19 – conhecidos como clados – e encontraram o que eles chamam de “uma cepa relativamente nova”, a CAL.20C. Tal variante é “definida por cinco mutações simultâneas”.
Embora outras novas cepas de Covid-19 – como a B.1.1.7, do Reino Unido –, tenham sido globalmente significativas para o aumento das taxas de infecção, os pesquisadores escrevem que “ainda não foram relatadas cepas suficientes para explicar o aumento de casos em Los Angeles e na Califórnia como um todo, onde atualmente se observam algumas das mais altas taxas de transmissão absolutas e per capita do país.”
Até agora, tudo indica que “a predominância da cepa [CAL.20C] coincide com o aumento da taxa de positividade visto nesta região”, escrevem os autores.
Nova York
Do outro lado dos Estados Unidos, em Nova York, duas equipes distintas de pesquisadores disseram também nesta semana ter encontrado uma outra variante preocupante do coronavírus.
Uma das mutações é a mesma observada na variante vista pela primeira vez na África do Sul e conhecida como B.1.351. “Parece escapar, de certa forma, da resposta do corpo às vacinas e está se tornando mais comum”, afirmou uma equipe do Centro Médico da Universidade de Columbia.
“Observamos um aumento constante na taxa de detecção do final de dezembro a meados de fevereiro, com um aumento alarmante para 12,7% nas últimas duas semanas”, disseram os cientistas.
A variante mais comum foi nomeada B.1.526 e aparece em pessoas afetadas em diversos bairros da cidade de Nova York, afirmaram os pesquisadores.
A mutação nesta variante que mais preocupa os pesquisadores é chamada E484K e dá ao vírus a capacidade de escapar de parte da resposta imunológica do corpo, bem como dos tratamentos autorizados com anticorpos monoclonais.
“É esta nova variante que está crescendo, de forma alarmante, em nossa população de pacientes nas últimas semanas”, escreveu a equipe de Columbia, liderada pelo especialista em doenças infecciosas e pesquisador de AIDS, Dr. David Ho.
com informações da DW