Redação Pragmatismo
Notícias 05/Mar/2021 às 08:32 COMENTÁRIOS
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Bolsonaro dá risada ao falar sobre suposto aumento de suicídio na pandemia

Publicado em 05 Mar, 2021 às 08h32

Presidente Jair Bolsonaro espalha notícia confusa publicada em jornal conservador sobre aumento de suicídio e dá gargalhada: “O que eu falei lá atrás? Hehehehehe. Será que eu tenho bola de cristal? Não, é que eu não sou tão burro”

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Para se gabar de que ‘acertou previsão’, Bolsonaro dá risada ao citar suposto aumento de casos de suicídio

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu gargalhada nesta quinta-feira (4) ao comentar um suposto aumento de suicídios na pandemia.

Em live no Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que não errou “nenhuma” previsão sobre a pandemia, ao contrário do que aconteceu de fato — da “gripezinha” à “conversinha” sobre a segunda onda de Covid.

“Fevereiro de 21… (risos). Pode sorrir, Tarcísio, pode sorrir, tem problema não. A coisa é séria, pessoal. Gazeta do Povo: ‘Depressão e suicídio entre jovens aumentam durante a pandemia”, afirmou Bolsonaro, rindo, ao lado de Tarcísio Freitas, ministro da Infraestrutura.

Logo antes da declaração, Bolsonaro mostrou uma reportagem de 2020 em que ele dizia que o isolamento poderia levar a suicídio e depressão, sem apresentar dados.

“Aí o pessoal fala que eu tinha bola de cristal, eu não tinha não, sou não só tão burro quanto aqueles que me criticam”, completou.

O texto citado pelo presidente foi publicado pelo ‘Gazeta do Povo’, jornal bolsonarista que abriga nomes como Rodrigo Constantino e Alexandre Garcia.

A matéria traduzida pelo jornal paranaense é de uma escritora americana negacionista e trata apenas de uma região específica dos EUA, sem mencionar nenhum dado oficial. Veja o que diz o texto:

Embora os dados agregados de suicídio dos EUA para 2020 não estejam disponíveis por alguns anos, devido a atrasos nos relatórios, os dados estaduais e municipais revelam tendências desanimadoras. No condado de Pima, os suicídios no Arizona aumentaram 67% em 2020 em comparação com o ano anterior para crianças de 12 a 17 anos, e os suicídios infantis em todo o estado também aumentaram desde 2019. West Virginia viu um aumento repentino nas tentativas de suicídio de estudantes durante a pandemia.

Críticas ao isolamento

Em meio ao número recorde de mortes e da falta de leitos de UTI no país por conta do coronavírus, Bolsonaro também atacou durante a live as políticas de isolamento social e restrição de atividades aplicada por estados.

O presidente começou as críticas às políticas de isolamento social ao citar uma nota do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal em que a entidade se posiciona contra o lockdown e utiliza uma fala fora de contexto de um integrante da Organização Mundial de Saúde para afirmar que a OMS condena essa política, o que não é verdade.

Na verdade, a posição oficial da entidade mundial sobre o lockdown é que essa medida precisa estar aliada a outras ações para que o combate à pandemia seja eficiente e não prejudique as pessoas em situação vulnerável.

Bolsonaro, no entanto, utilizou a nota do CRM-DF e a frase do integrante da OMS para atacar o lockdown. “Nas palavras do doutor David Nabarro: ‘o lockdown não salva vidas e faz os pobres muito mais pobres'”, disse o presidente, ao ler a nota.

Em seguida, ele também citou uma notícia em que o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirma que “as pessoas vão morrer de fome com o lockdown”, sem contextualizá-la. “Ué, de São Paulo? O Estado que está fechando tudo?”, ironizou o presidente.

VEJA TAMBÉM: Após lockdown, Portugal vai do colapso a uma das mais baixas taxas de transmissão

Na verdade, o que o secretário de Saúde de São Paulo afirmou na entrevista em questão, à rádio CBN, é que, em sua opinião, o país não tem condições de realizar um lockdown rígido como em países da Europa, em que as pessoas são de fato proibidas de saírem de casa, enquanto a população mais pobre não tiver à disposição medidas como o auxílio emergencial.

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