Vereador já estava ao lado de Henry quando mãe chegou no quarto, aponta nova versão
Dr. Jairinho e Monique tiveram bastante tempo para ensaiar depoimento. O casal só foi ouvido pela polícia 9 dias após a morte de Henry Borel, o que é considerado uma falha na investigação
Leniel Borel, pai de Henry Borel, deverá prestar um novo depoimento à polícia após uma contradição ter passado despercebida no inquérito que investiga a morte do menino de 4 anos.
Ao chegar ao hospital Barra D’Or às 4h50 da madrugada, o pai do menino ouviu de Monique que o vereador já estava ao lado da criança quando ela chegou ao quarto do casal e encontrou Henry no chão. A versão é diferente da relatada por Jairinho e pela namorada à polícia.
Em depoimento aos agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca), o vereador e Monique disseram que os dois estavam assistindo televisão e acabaram dormindo.
Por volta das 3h30 de 8 de março, Monique relatou que acordou, despertou Jairinho e se dirigiu para o quarto do casal encontrando o filho caído no chão com pés e mãos gelados e os olhos revirados. Monique disse ainda que gritou pelo namorado ao ver o estado de Henry, e aí sim o parlamentar foi até o local.
A contradição levou Leniel Borel a querer prestar depoimento à polícia para apresentar sua versão. Segundo o advogado dele, Leonardo Barreto, uma petição foi enviada à Polícia Civil, mas ainda não há uma data definida para a oitiva.
De acordo com a defesa, na madrugada de 8 de março, Leniel fez à polícia “apenas uma comunicação da morte requerendo encaminhamento ao IML [Instituto Médico Legal]” e, por ter sido no início da investigação, não conseguiu passar mais detalhes sobre o filho e a relação com Monique e Jairinho.
Enquanto Leniel foi ouvido pela polícia rapidamente no dia da morte do filho, Monique e Jairinho só prestaram depoimento nove dias após a morte de Henry Borel — o que é considerado uma falha na investigação.
O delegado responsável afirmou que a demora para ouvir o casal ocorreu porque Monique disse que estava muito abalada psicologicamente e vivendo à base de medicamentos.
No entanto, já é de conhecimento público que Jairinho tentou, desde o dia da morte do menino, usar de sua influência para interferir no caso. O vereador ligou para o governador do Rio e também quis evitar que o corpo da criança fosse encaminhado ao IML. Relembre:
— Dr. Jairinho tentou liberar corpo de Henry sem passar pelo IML
— Dr. Jairinho telefonou para o governador do Rio após a morte de Henry Borel
A Polícia Civil passou a tratar recentemente Dr. Jairinho e Monique Medeiros como investigados pela morte de Henry Borel. Testemunhas relataram agressões do vereador a outras crianças. Saiba mais:
— “Jairinho é uma pessoa maluca, completamente desequilibrada”
— Jornalista que acusou Jairinho de tortura perdeu a esposa, amigos e filhos
“Agressões semanais”
Ex-vizinhos relataram nesta semana que as brigas e agressões entre Dr. Jairinho e sua ex-mulher eram semanais. “Todo mundo sabia que ele batia nela”, diz um vizinho. “Era agressão semanal. Espancamento, inclusive, com pedido de socorro dela”, confirma outro vizinho.
Uma terceira testemunha, próxima do casal, diz que Jairinho agrediu Ana Carolina também numa viagem a Portugal. “Eu soube, não sei quem voltou antes, não sei se foi ele ou ela, aí eles se separaram. Aí ela descobriu que ele estava com uma mulher, e aí foi um escândalo, briga”, diz uma pessoa próxima ao casal.
Depois da separação, Dr. Jairinho tentou invadir o prédio em que a ex-mulher morava. “Uma vez eu presenciei ele aqui arrombando o portão de entrada porque ela se recusou a recebê-lo. E ele arrombou o portão da entrada”, conta uma testemunha.
Uma das brigas aconteceu, segundo registro na polícia, no fim de 2013. Na delegacia, Ana Carolina, então mulher do vereador, contou que Dr. Jairinho sempre foi violento, que foi agredida diversas vezes e que uma vez tentou enforcá-la, mas que ultimamente tinha ficado mais violento.
O relato diz ainda que no dia 29 de dezembro, ela encontrou Jairinho na garagem do prédio, dentro de um carro, falando ao celular com outra mulher. Que naquela noite, Jairinho teve um ataque de fúria, a segurou pelo braço e a arrastou até a cozinha. Lá passou a ofendê-la e depois passou a chutá-la por diversas vezes com muita força. A mulher precisou ser atendida no Hospital Lourenço Jorge.
Quatro vizinhos relatam ainda que depois de uma briga no apartamento de Jairinho e Ana Carolina, a filha do casal, que na época tinha 11 anos, chegou a fugir de casa. A menina, que levou uma mochila, só foi encontrada horas depois.
Além das agressões contra a ex-esposa, Jairinho também é acusado por outras duas ex-namoradas de ter agredido os filhos delas. No período das agressões, as crianças tinham 4 e 8 anos.