Bolsonaro surtou “again”
Anderson Pires*
Em texto anterior já afirmei que a loucura de Bolsonaro poderia nos libertar. Na falta de um movimento político que leve ao impeachment, a interdição por insanidade talvez seja a saída mais rápida. O que não podemos é continuar à mercê de um presidente completamente desequilibrado, com sua gestão da pandemia da covid-19 que colocou o Brasil na condição de país com os piores números em todo mundo.
Estamos numa situação alarmante, ao ponto de quase todos os países não quererem qualquer tipo de contato ou circulação com o Brasil. Viramos uma fábrica de supervariantes do vírus, em decorrência do estímulo que o presidente faz para que todos desrespeitem as medidas sanitárias adotadas pelos estados e municípios, além do uso de tratamentos que só pioram a situação clínica de quem contrai a doença.
Para se ter ideia, o Brasil tem cerca de 2,7% da população mundial, mas temos mortes por covid-19 que representam mais de um quarto do total diário verificado no planeta. As mortes em decorrência da irresponsabilidade são dez vezes maiores do que o esperado proporcionalmente. O presidente que já surtou por ser chamado de genocida continua a produzir fatos que contribuem para a situação piorar.
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Mas como os dias de loucura de Bolsonaro parecem intermináveis, o ataque de histeria da vez foi deflagrado pela liminar expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Roberto Barroso, que determina a instalação da CPI da Pandemia. A decisão foi com base no que diz a Constituição, que estabelece critérios que em tese foram atendidos.
Se existe motivo justificado para ser apurado, número de assinaturas de parlamentares conforme a legislação determina, a decisão do ministro tem base e deve ser respeitada. Não cabe mais um ataque às instituições, como corriqueiramente o presidente faz sempre que algo o desagrada.
Bolsonaro sempre se portou como palmatória do mundo. Mesmo tendo um histórico nebuloso, com denúncias diversas relacionadas à sua conduta pública e também privada. Acredita que pode encobrir tudo com bravatas e ter o apoio dos seus seguidores incondicionais.
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A instalação de uma CPI é mais que necessária para averiguar quais as reais motivações do presidente para uma gestão que levou à morte de milhares de pessoas, por ausência de providências que poderiam minimizar o caos que vivemos.
— Qual o motivo da maior autoridade do país virar garoto-propaganda da cloroquina e ivermectina?
— O que move alguém a promover a negação ao uso de máscaras e o distanciamento social?
— Quais setores da economia mais ganharam com essa situação?
— Até que ponto o caos gerado pelo presidente atende a interesses particulares?
Independente das respostas, uma coisa é certa: temos um governo que atuou para agravar a pandemia. Se foi de forma deliberada ou não, é preciso apurar e responsabilizar os eventuais culpados. Não será com ataques ao Supremo que o Presidente Bolsonaro irá encobrir as centenas de milhares de mortes por covid-19. A CPI poderá dizer se temos mais um caso de incompetência, loucura ou “maldade de gente boa”.
*Anderson Pires é formado em comunicação social – jornalismo pela UFPB, publicitário, cozinheiro e autor do Termômetro da Política.