Redação Pragmatismo
Saúde 09/Jun/2021 às 10:36 COMENTÁRIOS
Saúde

‘Estudo do TCU’ citado por Bolsonaro foi feito por auditor amigo da família

Publicado em 09 Jun, 2021 às 10h36

‘Estudo’ citado por Bolsonaro para desacreditar mortes por Covid-19 foi feito de maneira clandestina e incluído no site do TCU por auditor amigo da família

Estudo do TCU citado Bolsonaro foi feito por auditor amigo família
Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques (IMagem: reprodução)

RBA

O auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques foi identificado como responsável pelo “estudo paralelo” postado no site do Tribunal de Contas da União (TCU), às 18h39 do domingo (6).

Alexandre é amigo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano.

O tal “estudo” foi postado apenas algumas horas antes de ser mencionado por Bolsonaro, ao mais uma vez mentir sobre as mortes pela covid-19.

De acordo com o print divulgado pela Crusoé, às 18h39 do domingo (6), o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques que atuava na Secretaria de Controle Externo da Saúde acessou o sistema interno do tribunal e incluiu um documento não oficial com informações distorcidas sobre a possibilidade de supernotificação de casos de Covid-19 no Brasil.

Estudo do TCU citado Bolsonaro foi feito por auditor amigo família
(Imagem: reprodução)

A tela do sistema do TCU registra o acesso do auditor e comprova a criação do documento – em formato PDF e em papel não timbrado – intitulado “Da possível supernotificação de óbitos causados por Covid”.

Quase 500 mil brasileiros já perderam a vida para a doença causada pelo novo coronavírus, mas Bolsonaro segue negando a gravidade da pandemia. As denúncias são do jornalista Vicente Nunes, em seu blog no Correio Braziliense, e da Crusoé.

Na segunda-feira (7), em conversa com apoiadores no “cercadinho” em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente disse que metade das mortes pela covid-19 no país não ocorreram. E citou o “estudo paralelo” postado por Alexandre no site do TCU. Bolsonaro chegou a alegar que os governadores aumentaram o total de óbitos para conseguir mais verbas do governo federal.

O relatório final, que não é conclusivo, disse que em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid, segundo o Tribunal de Contas da União. Esse relatório saiu há alguns dias. Logicamente que a imprensa não vai divulgar. Já passei para três jornalistas com quem eu converso e devo divulgar hoje à tarde. Está muito bem fundamentado, todo mundo vai entender, só jornalista não vai entender”, afirmou o presidente.

Nesta terça (8), o presidente, mais uma vez pego em uma de suas mentiras, voltou atrás e assumiu que o “estudo” não é do TCU.

Estudo paralelo foi repudiado

Lotado na secretaria do TCU que trata de inteligência e combate à corrupção, o auditor solicitou acompanhar as compras com dinheiro público de equipamentos para o combate à covid, quando teve início a pandemia. Então, passou a elaborar o “estudo paralelo” citado por Bolsonaro. O levantamento, no entanto, não foi endossado por nenhum dos colegas de Alexandre por considerarem-no uma “farsa”, relata o Correio Braziliense.

O auditor chegou a ser veemente repreendido, pois os resultados do estudo deixavam claro a intenção de desqualificar os governadores e endossar o discurso de Bolsonaro.

Assustados com a insistência de Alexandre, os colegas de trabalho comunicaram os ministros da Corte de Contas o que estava acontecendo. Mas o auditor entregou a sua tese aos filhos de Bolsonaro, e a tornou pública. O TCU abriu investigação para apurar a conduta de Alexandre”, informa a reportagem.

Segundo Vicente Nunes, nas redes sociais o auditor amigo da família Bolsonaro costuma compartilhar fake news, como os benefícios do uso de ivermectina no combate à covid, e incitar ataques a governadores.

Mesmo alertado por colegas de trabalho de que estava produzindo informações falsas, o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques estava disposto a incluir o seu “estudo paralelo” no 6º Relatório de Monitoramento da Covid-19 do Tribunal de Contas da União (TCU), informa o Correio. O novo documento oficial está previsto para ser divulgado na próxima semana. Mas o uso precipitado das informações falsas por Bolsonaro levou o TCU a conseguir a barrar a inclusão dos dados fale no documento.

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