Bolsonarista que espancou funcionária de padaria é preso após repercussão do caso
Homem se apresentou com advogado e foi liberado por delegado mesmo sem prestar depoimento. Vítima ficou com hematomas no rosto, fraturou o braço e teve de passar por cirurgia
Márcio Roberto Rodrigues, 45, foi preso preventivamente por agredir a atendente de padaria Adriana da Silva. O homem espancou a vítima e quebrou o braço dela após ser advertido para usar a máscara de proteção contra Covid-19.
O agressor havia se apresentado na delegacia e foi liberado após prestar depoimento. Por conta da revolta que o caso gerou nas redes sociais e da grande repercussão, a Polícia Civil solicitou a prisão do homem ao Poder Judiciário.
De acordo com informações da ativista e professora Lola Aranovich, o agressor é bolsonarista e costuma ‘usar o nome de Deus para tudo’. Nas redes sociais de Márcio há diversas postagens de cunho religioso. Ele é casado e tem filhos.
Inicialmente, um inquérito foi aberto contra Márcio por lesão corporal. Agora, o homem responderá por tentativa de feminicídio, infração de medida sanitária e dano ao patrimônio.
A agressão de Márcio contra Adriana aconteceu um dia após o presidente Jair Bolsonaro declarar, em rede nacional, que o Ministério da Saúde elaboraria um parecer para desobrigar o uso de máscara de proteção em pessoas vacinadas ou que já tiveram a Covid-19 e se recuperaram da doença.
Entenda o caso
O caso aconteceu em uma padaria de Palmares Paulista (SP) depois que Adriana Araújo pediu para Márcio colocar a máscara dentro do estabelecimento. O homem estava usando o equipamento de proteção contra a Covid-19 no queixo, sem cobrir propriamente a boca e o nariz. Ela advertiu o cliente, que ficou irritado e começou a atirar objetos na funcionária.
Em seguida, ele entrou na área onde ficam os funcionários e perseguiu a vítima. Depois de alcançá-la, derrubou-a com uma rasteira e acertou um chute no seu braço. Adriana tentou fugir para outro local, mas foi agredida novamente com uma joelhada no rosto.
“Eu vi a morte. Lembrava da minha mãe, dos meus filhos, não acreditava que iria sobreviver. Tinha muita gente olhando, mas ninguém fazia nada. Olhei o sangue e pensei que morreria”, desabafou Adriana.
Depois de receber ajuda de uma amiga que presenciou as primeiras agressões, a atendente conta que conseguiu se levantar e correu para uma casa, que estava com o portão aberto. Porém, Márcio seguiu a vítima novamente.
“O dono da casa pediu para sairmos. Eu dei a volta no carro, com o braço quebrado, e consegui chegar a uma outra padaria. Encontrei o dono e a mulher na porta. O homem chegou e deu um soco no dono da padaria. Sentei na calçada. Ele veio e bateu minha cabeça no joelho dele”, relembrou a vítima.
Enquanto era agredida pela segunda vez, Adriana se levantou, correu e encontrou uma moradora, que a abraçou e a colocou para dentro de uma casa. Em seguida, a atendente foi levada para o pronto-socorro de Catanduva (SP).
“Aconteceu tudo isso por causa de uma máscara. Não o conhecia. Ele simplesmente não quis colocar a máscara. Ele era enorme. Se eu não tivesse corrido, não estaria aqui. Não sei de onde achei forças para correr”, disse a atendente.
“Quero Justiça. Quero que seja preso e pague por tudo, inclusive pela minha cirurgia. Ganho um salário mínimo. Estava trabalhando. Ele entrou no meu serviço e fez isso. Não sei por quanto tempo vou ficar nessa situação. Enquanto eu estava no hospital, com dor e sofrendo, o homem estava na casa dele. Não é justo”, complementou.