Pastora que pregou contra “gente preta e gay” pede desculpas após repercussão do vídeo
Após repercussão das imagens e abertura de inquérito policial, pastora que pregou contra “gente preta e gay” pede desculpas e diz que não é preconceituosa
A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu um inquérito para investigar a fala da pastora Karla Cordeiro, conhecida como Kakau, durante uma pregação em Nova Friburgo que repercutiu nas redes sociais nesta semana.
Nas imagens, Kakau, que integra a igreja Sara Nossa Terra, diz que os fiéis devem parar de levantar bandeiras políticas, de pessoas pretas e gays.
“É um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos tem isso aí. É uma vergonha, desculpa falar, mas chega de mentiras, eu não vou viver mais de mentiras. É uma vergonha. A nossa bandeira é Jeová Nissi. É Jesus Cristo. Ele é a nossa bandeira”, diz a mulher.
“Para de querer ficar postando coisa de gente preta, de gay, para! Posta palavra de Deus que transforma vidas. Vira crente, se transforma, se converta!”.
O delegado titular da 151ª DP, Henrique Pessoa, disse que há um “teor claramente racista e homofóbico, o que configura transgressão típica na forma do artigo 20 da Lei 7716/87”.
“De tal modo que a pena é de 3 a 5 anos com circunstâncias qualificadoras por ter sido feita em mídias sociais e através da imprensa. De tal modo que já foi instaurado inquérito policial pelo crime de intolerância racial e homofóbica, de acordo com a recente previsão do STF”, disse o delegado.
A Igreja Sara Nossa Terra informou que não irá se pronunciar. A igreja chegou a publicar o vídeo em seu perfil no Instagram, mas a página saiu do ar.
O compartilhamento feito pelo ex-deputado estadual Wanderson Nogueira (PDT) já teve mais de 18 mil visualizações e centenas de comentários com críticas ao discurso.
Desculpas
Após a repercussão do vídeo, Kakau Cordeiro publicou uma nota de retratação nas redes sociais. “Eu, na verdade, fui infeliz nas palavras escolhidas e quero afirmar que não possuo nenhum tipo de preconceito contra pessoas de outras raças, inclusive meu próprio pastor é negro, e nem contra pessoas com orientações sexuais diferentes da minha, pois sou próxima de várias pessoas que fazem parte do movimento LGBTQIA+”, ressaltou na nota.
Na nota de retratação, a pregadora declarou que não era a intenção dela praticar nenhum ato discriminatório. “A minha intenção era de afirmar a necessidade de focarmos em Jesus Cristo e reproduzirmos seus ensinamentos, amando os necessitados e os carentes. Principalmente as pessoas que estão sofrendo tanto na pandemia. Fui descuidada na forma que falei e estou aqui pedindo desculpas”, disse.