Prefeito bolsonarista é preso com R$ 500 mil no aeroporto de Congonhas
Prefeito bolsonarista foi capturado pela PF quando tentava entrar em São Paulo com meio milhão de reais em espécie. Dinheiro tem origem desconhecida e financiaria manifestação anti-democrática a favor do presidente no dia 7 de setembro
O Tempo
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Omar Aziz (PSD/AM), disse na sessão desta quarta-feira (1°) que vai encaminhar ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, uma denúncia sobre a suspeita de financiamento de atos em apoio ao governo federal previstos para o próximo dia 7 de setembro em todo o país.
“Os indícios são muito fortes de que eram para financiar o dia 7 de setembro, nessa manifestação que terá. São indícios e nós iremos encaminhar às autoridades competentes que estão investigando esse fato. Me estranha um prefeito do interior do Rio Grande do Sul com uma quantidade tão grande de dinheiro sendo detido pela Polícia Federal. A Polícia Federal fez o papel dela, deteve, abriu um inquérito, mas é preciso acompanhar isso de perto e saber realmente quais eram as verdadeiras intenções do prefeito“, disse Aziz.
A denúncia foi feita pelo senador Humberto Costa (PT/PE) que levantou a hipótese de que o prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), Gilmar João Alba (PSL), preso na última quinta-feira (26), estivesse financiando os atos.
“Na última quinta-feira, o prefeito da cidade de Cerro Grande do Sul, no Rio Grande do Sul, foi flagrado no aeroporto de Congonhas (SP) com R$ 505 mil tentando trazer esse recurso para Brasília. Esse prefeito, segundo as informações que tivemos, viria de São Paulo para Brasília em um avião fretado, imaginando que não tivesse o controle da Polícia Federal pelo fato de o voo ser fretado, ele passou com esse montante de dinheiro e foi detido“, disse o senador.
Ainda segundo o senador, à Polícia Federal o prefeito disse que o valor total seria R$ 1,5 milhão, mas com ele só foi encontrado 1/3 do valor. “Provavelmente, outras pessoas que iriam pegar o avião estavam com o restante e todos os indícios são de que esses recursos seriam para financiar esse ato contra a democracia do dia 7 de setembro“, completou.
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Segundo o senador Randolfe Rodrigues (REDE/AP), a denúncia é grave e precisa ser investigada. “Essa informação dá conta do financiamento de crimes contra a ordem democrática e contra o estado democrático de Direito que devem ocorrer nos próximos dias. Então, é urgente o encaminhamento, a partir da notícia do fato que estamos tendo nesse momento na Comissão Parlamentar de Inquérito, aos cuidados do ministro Alexandre de Moraes para a tomada de todas as providências“, disse.
“Como se não bastasse o preço do feijão a quase R$ 14, o preço da gasolina a R$ 7, o preço do gás de cozinha R$ 120, uma crise hídrica de enormes proporções, a energia elétrica tendo sido reajustada em 50% ontem, agora a gente está diante de fatos de financiamento de dinheiro público sendo utilizado para conspirar e criar um clima de maior instabilidade no Brasil“, completou Randolfe.
No mesmo sentido, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL) endossou que há fortes indícios de que o dinheiro seria utilizado para financiar os atos de 7 de setembro. “Há indícios fortes e fortíssimos de vinculação direta e pessoal do prefeito com um dos coordenadores do movimento do dia 7 de setembro. Isso é algo que precisa ser rapidamente investigado até para desestimular que práticas iguais a essas ocorram em detrimento do interesse nacional, em função dessa circunstância toda que nós estamos vivendo no Brasil“, disse o relator da CPI.
No próximo dia 7 de setembro, ocorrerão atos em apoio ao governo federal em todo o país. Em visita à Minas Gerais na última terça-feira (31), Bolsonaro convocou os brasileiros a saírem às ruas de todo o país por uma “nova independência” do Brasil. Ele próprio deve participar dos atos que acontecerão em Brasília e em São Paulo.