Lideranças discutem adesão aos protestos contra Bolsonaro no dia 12
Adesão às manifestações do dia 12 de setembro divide lideranças e quadros da esquerda, enquanto figuras que se autoproclamam de 'centro' e de 'centro-direita' confirmam participação nos atos
Lideranças de diversos espectros ideológicos participaram de uma reunião para traçar novas estratégias de combate ao atual governo. Entre elas, a presença nos atos marcados para o próximo dia 12 de setembro. A conversa ocorreu por conta da manifestação de caráter golpista realizada por Bolsonaro no 7 de setembro.
Os movimentos MBL e Vem Pra Rua foram os primeiros a confirmar participação nas ruas no dia 12 de setembro, mas a manifestação agora parece ganhar um caráter bem mais abrangente. “A reação a Bolsonaro precisa ser gigantesca. A ideia é ter um movimento idêntico ao das Diretas Já, de 1983”, diz Kim Kataguiri.
O Movimento Diretas Já foi um marco histórico na luta pela democracia brasileira e teve apoio de artistas, intelectuais e políticos que, no futuro, tornaram-se opositores, como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Estarão nas ruas no dia 12 a senadora Simone Tebet (MDB-MS), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e o ex-candidato à Presidência pelo Novo, João Amoedo. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse ontem que estuda estar presente no ato.
O presidenciável Ciro Gomes, do PDT, também decidiu participar das manifestações. “Irei à manifestação do dia 12 na Avenida Paulista e sempre tentarei ir a outras manifestações que forem convocadas contra Bolsonaro. Seja qual for o sacrifício e risco que isso represente, há algo maior que tudo: o futuro do Brasil e da nossa democracia”, escreveu Ciro nas redes sociais.
“Esta luta não é mais um símbolo ou uma metáfora, mas um embate real em defesa da justiça e da liberdade. Ela está acima de pessoas, de partidos ou posicionamentos ideológicos. Estamos às voltas com duas ameaça mortais: uma é a Covid e outra Bolsonaro”, continuou
“Temos que enfrentar as duas, mesmo que, em alguns momentos, as táticas de vencê-las se conflitem. Iremos para as ruas com todas as cautelas sanitárias, mas com todo destemor cívico. Ou seja: com máscara no rosto e coragem no coração”, concluiu o pedetista.
Divisão na esquerda
Existe na esquerda alguma resistência a aderir aos atos de domingo (12), dado que eles têm sido promovidos pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e o VPR (Vem Pra Rua), compostos por políticos da direita não bolsonarista.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, evitou anunciar a adesão do PT aos atos do próximo domingo. “Mas ninguém está impedido de participar de atos contra Bolsonaro. Achamos, entretanto, que só conseguiremos um movimento forte com a construção conjunta das forças democráticas de um grande ato, e estamos dispostos a isso”, disse.
Enquanto algumas centrais sindicais (Força, CSB, UGT e NCST) e partidos anunciaram que vão estar nos atos, a CUT e a Central de Movimentos Populares não confirmaram participação.
Por outro lado, Orlando Silva (PCdoB) e a deputada Isa Penna (PSOL) já garantiram presença. O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) também deve comparecer, assim como o MSTC (Movimento Sem Teto do Centro).
O senador Randolfe Rodrigues foi convidado para participar dos atos, mas até a publicação deste texto não se manifestou.
Confira os posicionamentos prós e contra: