Senadores ‘estrelas’ da CPI da Covid são criticados por voto em Mendonça
De estrelas à decepção: Senadores que tiveram atuação destacada na CPI da Pandemia são criticados por votarem a favor do "terrivelmente evangélico" André Mendonça para vaga no STF
As redes sociais reagiram na quarta (1/21) à aprovação, no Senado, da indicação de André Mendonça a uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União no governo de Jair Bolsonaro, ele ocupará a cadeira que era de Marco Aurélio Mello.
As críticas foram direcionadas especialmente a parlamentares que se destacaram pela boa atuação na CPI da Covid no Senado que votaram favoravelmente a Mendonça. Os senadores Eliziane Gama (Cidadania-MA), Simone Tebet (MDB-MS), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Omar Aziz (PSD-AM) foram os principais alvos.
O argumento do senador Alessandro Vieira, por exemplo, era de que a avaliação era técnica e que Mendonça atendia os requisitos para investidura no cargo: notório saber jurídico e reputação ilibada.
Mas episódios protagonizados pelo ex-ministro de Bolsonaro, como abertura de investigação contra funcionários públicos antifascistas, contra o advogado e ex-comentarista da CNN Marcelo Feller e contra um professor que pagou outdoors críticos a Bolsonaro foram lembrados nas redes sociais.
“Não é Bolsonaro o sabatinado, e o indicado preenche requisitos de notório saber jurídico e reputação ilibada”, justificou Alessandro Vieira.
Especialistas e parlamentares questionaram a “reputação ilibada” de André Mendonça.
“O indicado usou do cargo de Ministro da Justiça para silenciar a oposição política. Usou a sua orientação religiosa como plataforma de indicação para um cargo do judiciário (leia-se: laico). Não permita o aparelhamento ainda mais profundo do STF”, rebateu o jurista Caio Machado, mestre em Direito e Ciências Sociais.
Atende o celular, Eliziane! https://t.co/m3NXh7g3fC
— JaIrme’s Vaccine Race (@jairmearrependi) December 1, 2021
A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), que acionou a Justiça contra Mendonça pelo uso da Lei de Segurança Nacional “como instrumento de intimidação de opositores”, classificou o resultado como “desastre”.
A senadora Eliziane Gama, relatora da indicação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), defendeu a indicação do “terrivelmente evangélico” e afirmou que “ninguém pode ser vetado pela sua condição religiosa”.
O indicado usou do cargo de Ministro da Justiça para silenciar a oposição política. Usou a sua orientação religiosa como plataforma de indicação para um cargo do judiciário (leia-se: laico).
Não permita o aparelhamento ainda mais profundo do STF.
— Caio C. V. Machado (@caiocvm) December 1, 2021
Assim como Mendonça, a parlamentar é evangélica. “Como relatora, eu vou me pautar por informações e também pela boa técnica legislativa, sem qualquer preconceito político, ideológico e muito menos religioso. O que importa neste momento é o currículo e a capacidade técnica do indicado”, declarou Eliziane.
Simone Tebet afirmou que daria “um voto de confiança” ao ex-ministro de Bolsonaro. “É um voto de confiança. Vou passar uma borracha no passado”, alegou.
Eliziane Gama implodindo tudo que ela conquistou na CPI da Pandemia em 3, 2, 1… pic.twitter.com/LMPlIUpHDt
— Medo e Delírio em Brasília (@medoedeliriobr) December 1, 2021
O senador Omar Aziz apenas pontuou que as falas de André Mendonça na sabatina vão ao encontro de pensamentos da esquerda brasileira.
“Quem era de esquerda, está assustado, porque virou de direita com o seu pronunciamento hoje. Vossa excelência falou tudo aquilo que a esquerda brasileira quer ouvir. Falou tudo. E tudo gravado”, disse Aziz.
Simone Tebet, Omar Aziz e Eliziane Gama: “vamos dar 1 voto de confiança ao André Mendonça, ele vai respeitar o estado laico”
PRIMEIRA frase do André Mendonça depois de eleito: “um grande passo para os evangélicos”
🤡
— Thiago Brasil (@ThiagoResiste) December 1, 2021
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