Brasileiros faturam R$ 30 milhões com máscara que mata variante Delta
Brasileiros criam máscara que mata variantes Delta e P1 e faturam R$ 30 milhões. Testes mostraram 99% de eficácia e revelaram que produto não é tóxico para o ser humano
Mariana Desidério, Exame
A empresa brasileira Phitta criou uma máscara cirúrgica com tecnologia própria que mata o vírus da covid-19 e é eficaz contra a variante Delta. A máscara foi batizada de Phitta Mask. Enquanto as máscaras cirúrgicas comuns devem ser trocadas a cada 2 ou 3 horas, a Phitta pode ser usada durante 12 horas.
Criada em meio à pandemia, a empresa viu seu faturamento saltar de 1,2 milhão de reais em 2020 para 30 milhões de reais em 2021. “É uma tecnologia brasileira, desenvolvida aqui. Estamos conversando com outros países e vamos começar a exportar”, afirma o fundador Sérgio Bertucci.
O empresário atuava no ramo têxtil em São Paulo e tinha entre seus parceiros uma empresa que fornecia produtos para evitar sujeira em uniformes de hospitais. Quando chegou a pandemia, Bertucci contatou seu parceiro perguntando se ele teria alguma solução que pudesse matar o vírus da covid. “Ele tinha um produto que estava sendo desenvolvido para o ramo odontológico. Resolvemos testá-lo contra a covid e funcionou”, conta.
O produto é um princípio ativo denominado Phtalox, que age como uma “água oxigenada”: a substância interage com o oxigênio no tecido, tornando-o mais reativo, o que faz com que ele oxide o vírus. Os testes, realizados pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), mostraram que a máscara com Phtalox tem 99% de eficácia na eliminação das variantes Delta, P1 e P2 do coronavírus. Mostraram ainda que o produto não é tóxico para o ser humano. A companhia vai realizar testes para verificar a eficácia da máscara contra a variante Ômicron.
Com os testes feitos, o empreendedor foi em busca de maneiras de produzir a máscara em larga escala. Junto com outros dois sócios, investiu 5 milhões de reais para colocar no negócio de pé. A sede da empresa fica em Rio dos Cedros (SC). O produto começou a ser vendido em outubro de 2020. De lá para cá, a empresa cresceu rapidamente. Começou produzindo 1 milhão de máscaras por mês, e hoje produz 6 milhões de unidades. O número de funcionários foi de 7 para 75 em pouco mais de um ano.
“Tivemos que ser muito ágeis nesse processo. Criar um produto exige inteligência, mas fazer com que ele se torne realidade e entregar no prazo correto demanda muita energia. Hoje fabricamos 6 milhões, mas se fabricássemos 20 milhões de unidades, haveria demanda”, afirma.
Por conta da sua maior durabilidade, a máscara Phitta tem sido procurada por empresas que desejam fornecer o equipamento de proteção a seus funcionários. A Phitta já fornece máscaras para empresas como Nestlé, Danone, Coca-Cola, Siemens e Goodyear, e está presente nas principais redes de farmácias.
Economia de 1 milhão de máscaras
Para as companhias, a máscara representa uma economia significativa. A Siemens passou a usar a máscara Phitta em sua fábrica em Jundiaí (SP). A planta tem cerca de 3 mil funcionários, que antes trocavam de máscara a cada duas horas e meia. Com a Phitta, eles usam apenas um equipamento por dia. A companhia calcula que deve deixar de usar mais de 1 milhão de máscaras por ano. Outra vantagem é que a máscara fica livre de vírus e bactérias, e por isso pode ser descartada em lixo comum.
A Phitta conseguiu nos últimos dias a autorização para exportar seu produto e já estuda mercados lá fora. Dentre as prioridades estão Colômbia, Itália e os Emirados Árabes. A empresa também tem firmado parcerias para fornecer a máscara em eventos. “Fizemos um evento com marca de roupas Privalia. Para entrar no local, a pessoa tinha que colocar a máscara Phitta e assim ela sabia que naquele espaço ela não se contaminaria, era um espaço protegido”, diz.
Para o ano que vem, a companhia se prepara para lançar outros produtos usando o princípio ativo Phtalox, como aventais de paramentação para hospitais e máscaras PFF2. “Hoje, o médico ou enfermeiro precisa trocar de avental a cada paciente atendido. Isso gera uma enorme quantidade de resíduo. Com a nossa tecnologia, ele vai poder usar o mesmo avental por 12 horas, vai ficar protegido e vai gerar economia”, afirma.
Outra possibilidade estudada é aplicar o produto em enxovais de hospitais e hotéis. Nesse caso, o serviço inclui a reaplicação do produto após a lavagem. “Desde que lançamos, tínhamos a preocupação de não termos um produto só para a pandemia. Então estamos montando uma estratégia que inclui descartáveis, enxovais, e empresas e locais que vão continuar a usar máscara mesmo com o fim da pandemia, como o setor de alimentação”, afirma Bertucci.