Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 05/Jan/2022 às 11:02 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Banda Mastruz com Leite divulga nota após vocalista relatar estupro

Publicado em 05 Jan, 2022 às 11h02

Cantora do Mastruz com Leite relata ter sido estuprada por músico enquanto dormia. Marido da vítima também estava dormindo no momento do crime

Larissa Ferreira mastruz com leite
Larissa Ferreira

A cantora Larissa Ferreira, vocalista da banda Mastruz com Leite, chorou ao relatar ter sido estuprada por um integrante do grupo musical. O crime teria ocorrido enquanto todos estavam dormindo, cansados de uma viagem, e a identidade do agressor não foi revelada.

“Era tarde, não tive noção da hora porque não peguei no celular. Senti uma pessoa tocando no meu corpo, beijando meu rosto, me cheirando e segurando as partes íntimas dela com a minha mão. Esse homem fez isso comigo, e eu [estava] deitada na minha cama, no meu quarto, com o meu marido do lado. A pessoa abusou de mim”, relatou Larissa.

Segundo Larissa, ela e o marido convidaram um colega para dormir na casa deles, em Fortaleza, após os três conversarem e beberem cerveja juntos em um restaurante. O casal estava cansado pois havia chegado de uma viagem. O músico se deitou na rede da filha deles no mesmo quarto em que o casal dormiu.

A cantora afirma que a primeira reação que teve foi se mexer, mas de uma forma que não acordasse o marido para não causar uma briga dentro de casa. “Eu me mexi, mas não abri o olho em nenhum momento. Sabia que, se fizesse alarde, o Jean [baterista da banda e marido de Larissa] ia matar esse homem aqui dentro de casa. Depois que esse homem saiu, me levantei, fiquei calada e estava pensando se ia dizer isso para o Jean ou não, não sabia se ele ia me entender. Fiquei com uma crise grande de ansiedade, passei a semana todinha vomitando”, prosseguiu ela, entre lágrimas.

A vocalista disse que temeu pela própria vida e da família e demorou cerca de uma semana para revelar o acontecimento ao marido. Ela confessa que passou a tomar remédio para ansiedade e sofreu muito até contar tudo a amigas próximas e ao esposo.

“Depois que esse homem saiu do quarto eu fiquei sem saber o que fazer. Se eu contava ou não para o meu marido. Fiquei com crise de ansiedade. Eu não iria ficar bem estando no mesmo ambiente que esse homem. Foi uma semana convivendo com esse homem na banda. Mas eu precisava falar para meu marido. No dia de viajar para o próximo show eu decidi falar para o meu companheiro”, disse.

Larissa aproveitou para fazer um alerta às mulheres para terem cuidado com quem recebem em suas casas e disse que entrou em contato com o empresário da banda para tomar as devidas providências.

“Ninguém desconfiava dele, ele era uma pessoa calma, calada, mas o cara foi capaz de fazer isso. Já tomei todas as providências, falei com o empresário da banda. Eu fui assediada dentro da minha casa, ao lado do meu marido. Ninguém tem direito de tocar numa mulher se ela não deixar, se ela não quiser”, desabafa.

A Banda Mastruz com Leite informou que se solidariza com a cantora após ter tomado conhecimento dos relatos de abuso sofrido por ela e que a empresa já está tomando todas as providências quanto ao músico. A empresa reforçou que está dando todo apoio à artista e que repudia toda forma de abuso contra mulheres.

“Nós da Banda Mastruz com Leite nos solidarizamos à nossa cantora Larissa Ferreira, que relatou em suas redes sociais ter sofrido assédio em sua casa, por outro integrante da banda. A empresa já está tomando as medidas quanto ao músico e está providenciando apoio à cantora, que está fragilizada, mas acolhida pela família e amigos. A Banda Mastruz com Leite reforça que repudia toda e qualquer forma de abuso contra mulheres, seja físico, psicológico ou sexual. Seguimos dando assistência e oferecendo suporte para a Larissa”

Crime de estupro

Antes de 2009, a lei definia estupro como “constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça”. Mas uma importante mudança na lei unificou os crimes tipificados nos artigos 213 e 214 do Código Penal. Com a mudança legislativa de 2009, o crime de estupro passou a ser caracterizado independentemente da inocorrência de conjunção carnal.

Atualmente, o bem jurídico tutelado pelo estado no caso do estupro é a “dignidade e liberdade sexual, a autonomia do indivíduo de poder escolher com quem e quando se relaciona sexualmente com outra pessoa”. Essa concepção moderna afastou algumas polêmicas antigas, como a possibilidade de uma prostituta ser vítima de estupro, ou se existe a possibilidade de uma mulher casada ser estuprada pelo próprio marido. Ambas situações tornaram-se claramente válidas e plausíveis se enxergadas pela perspectiva da liberdade sexual e inviolabilidade do corpo. Com efeito, ninguém é obrigado a se relacionar sexualmente com ninguém, mesmo se consentiu previamente ou se estão em um relacionamento

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