Pacientes de Covid na UTI não quiseram se vacinar, diz médica que recusou Ministério
Casos de Covid-19 na UTI são de pacientes não vacinados, diz médica que recusou convite para assumir Ministério da Saúde no governo Bolsonaro. Ludhmila Hajjar ainda afirmou que "muitos se declaram arrependidos, porém, já é tarde demais"
Ludhmila Hajjar, médica intensivista e cardiologista, afirmou que os pacientes com covid-19 nas UTIs são aqueles que não tomaram a vacina contra a doença. Ela ainda chamou atenção para o alto número de profissionais de saúde infectados na nova onda de casos, em decorrência da variante Ômicron.
“As UTIs estão atualmente só com casos de covid entre os não vacinados. Os imunizados dificilmente passam do atendimento ambulatorial”, relatou a médica em entrevista ao jornal O Globo.
Enquanto pessoas imunizadas contra a covid-19 têm forma leves da doença, os não-vacinados, por outro lado, podem sentir o impacto de forma mais intensa. “A variável mais expressiva em relação ao perfil da doença, tem sido, definitivamente, o não vacinado.”
“Como intensivista, tenho visto cada vez mais pacientes internados arrependidos de não terem sido vacinados. Eles chegam com a forma grave da doença, se arrependem, porém, já é tarde.”
Em março de 2021, Ludhmila foi cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar de Eduardo Pazuello. A médica, no entanto, recusou o convite do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Colapso no sistema de saúde
Ludhmila Hajjar projeta que, em breve, os hospitais devem estar cheios. “Em uma semana os sistemas de saúde deverão entrar em colapso no Brasil”, prevê a médica.
“A maioria dos médicos e enfermeiros foi imunizada com duas doses da CoronaVac e reforço da Pfizer. A CoronaVac foi importantíssima no início, frente à inexistência de outras. Mas ela não protege como as outras em relação a novas variantes. Muitos de nós seremos infectados. De uma forma mais branda em relação ao que se viu há um ano, quando não havia imunizantes no Brasil. Mesmo assim, seremos afastados”, declarou.
No Hospital das Clínicas, onde a médica trabalha, já são 56 profissionais da saúde afastados com covid-19. “Temos contato físico muito próximo dos pacientes, o risco de transmissão é alto ainda mais quando se trata da ômicron, que tem uma taxa muito alta de contaminação. Reduzir o tempo de quarentena acho responsável e isso poderá ajudar para cobrir desfalques. Mas ao menos sete dias de afastamento seria prudente”, opina.
Com o aumento de casos, Ludhmila afirmou que o uso de máscaras deve continuar sendo obrigatório, mesmo em locais abertos. “Nesse momento, com o número de infectados em ascensão, com o surgimento de novas variantes, ainda com desigualdade na aplicação das vacinas, eu sou contra abolir uso de máscaras, medidas simples, disponível e efetiva contra a covid-19.”