Com aumento dos combustíveis, Petrobras anuncia lucro recorde de R$ 106,6 bilhões
Enquanto milhões de brasileiros enfrentam piora significativa nas condições de vida, Petrobras anuncia lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões. Resultado foi impactado por disparada do preço dos combustíveis no Brasil. Na prática, o cidadão comum financia o lucro dos acionistas, e investidores estrangeiros devem ficar com quase metade desse bolo
A Petrobras anunciou nesta quarta-feira (23) um lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões em 2021 — para a alegria dos acionistas da empresa no mercado financeiro — sobretudo os investidores estrangeiros.
O principal fator para esse “superlucro”, segundo o Ineep, é o aumento das receitas com a venda dos combustíveis no mercado interno, que tiveram crescimento estimado de 79%. Esse crescimento, por sua vez, está relacionado com o aumento do volume de venda de gasolina e diesel, que registraram altas de 16,6% e 19,2%, respectivamente. Mas, principalmente, pela elevação dos preços desses combustíveis. Até o terceiro trimestre, a Petrobras já acumulava quase R$ 75,2 bilhões de lucro líquido no ano.
Lucro recorde da Petrobras. Parabens a todos que pagaram R$8 por litro por umas boas semanas. Sem vocês esse número não seria possível. Estão felizes?
— Mauricio Savarese (@MSavarese) February 23, 2022
Depois que a Petrobras adotou a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), as variações do petróleo no mercado internacional são repassadas diretamente ao mercado interno. Assim, nas refinarias, o preço da gasolina registrou alta de 68% no ano passado. Já o preço do diesel avançou 58%.
Nos postos, o gasolina subiu 46% em 2021, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP). No início do ano, o litro da gasolina custava, em média, R$ 4,60. Em dezembro, o preço médio foi de R$ 6,67. Do mesmo modo, o diesel saltou de R$ 3,60, para R$ 5,30, alta de 47%.
Além dos ganhos com a venda dos combustíveis, o Ineep destaca que houve redução do custo de produção da companhia. Por outro lado, outros R$ 30 bilhões vieram da venda de ativos. Somente a privatização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) na Bahia rendeu mais R$ 10 bilhões à estatal.
Esses resultados devem garantir a distribuição de R$ 63 bilhões de lucros e dividendos aos acionistas da Petrobras. Os investidores estrangeiros devem ficar com quase metade desse bolo, já que detêm 44,42% da composição acionária da estatal. Os investidores brasileiros, por outro lado, somam apenas 18,84%. O restante é controlado diretamente pelo governo federal (28,67%). Ou indiretamente, por meio do BNDES (7,03%) e do BNDESPar (1,04%).
É possível baixar o preço da gasolina?
Estão em votação no Senado dois projetos que compõem o que pode ser uma solução conjunta para a alta dos preços dos combustíveis iniciada no governo Bolsonaro. Ambos são relatados pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN).
Um deles é o Projeto de Lei (PL) n° 1.472, de 2021, de autoria do senador Rogério Carvalho (PT-SE). A proposta visa a regulação da venda de combustíveis no país e alterar a política de paridade de importação (PPI) vigente na Petrobras desde 2016. Por conta dessa política, a estatal vende combustíveis a preços baseados no mercado internacional, mesmo explorando petróleo e vendendo seus derivados no Brasil.
Carvalho considera a PPI uma das grandes responsáveis pelo aumento dos preços dos combustíveis no país. Por isso, propôs criar uma lei para que o preço da gasolina e outros derivados varie também com base em custos internos de produção. A lei também criaria um imposto sobre a exportação do petróleo explorado no Brasil evitando que parte da produção nacional acabe servindo a outros países.
O senador Prates, em seu relatório sobre o PL 1.472/2021, propõe ainda a criação da Conta de Estabilização de Preços (CEP). A conta seria operada com base em preços de referência do petróleo estabelecidos pelo governo com base no mercado internacional.
O governo fixaria um preço mínimo para o barril de petróleo e derivados no país, por exemplo. Caso o preço do barril desça abaixo desse mínimo, o governo “lucra” com a diferença e deposita o ganho na CEP. Já nos casos em que o preço do petróleo sobe além do que o governo estabeleceu como máximo, ele usa os recursos da CEP para subsidiar compras e manter o preço dos combustíveis sob controle.
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