Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 09/Mar/2022 às 11:05 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Coordenadora de saúde acusa diretor de hospital de chantagem sexual

Publicado em 09 Mar, 2022 às 11h05

Diretor praticava chantagens sexuais para manter emprego de jovem em hospital de SP. "Essas são as regras da casa", dizia o homem. A partir do momento em que decidiu não mais se submeter às violências sexuais, vítima passou a ser difamada pelo agressor no ambiente de trabalho

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Diretor passou a difamar vítima após ela decidir não mais ceder às violências sexuais. O homem acusou a mulher de usar roupas ‘indecentes e vulgares’. O diretor recebeu apoio de outros funcionários

Uma funcionária de um hospital municipal de Pedro Toledo, no interior de São Paulo, denunciou ter sido violentada sexualmente pelo diretor de saúde da instituição. Priscila Lima, 32 anos, relatou que foi vítima de chantagem sexual para não ser demitida do cargo de coordenadora de saúde, que ela ocupava na época. As informações são do g1.

Em uma tarde de fevereiro, o homem a chamou para uma sala do pronto-socorro. Quando ela entrou, o diretor tirou a calça e afirmou “regras da casa, estou te dando boas-vindas” insinuando que ela teria que ter relação sexual com ele, denunciou a mulher.

“Eu, sem entender nada, cedi, e tive relações sexuais com ele, porque precisava do serviço. Estava em uma situação difícil, e tenho uma filha para criar, pensei que precisava sustentar minha família. E aí, ele disse que sempre que ele quisesse, faria um sinal com a cabeça, e eu saberia e teria que esperar ele naquele sala, porque era assim que funcionava ali”, disse a vítima.

Priscila afirma que foi trabalhar na cidade após a morte do ex-marido, que era médico e já trabalhou na região de Pedro de Toledo. “A minha vida desabou, tudo dele foi para inventário, e nossa pensão [dela e da filha] diminuiu muito”, diz.

Após o óbito dele, ela se viu em situação financeira difícil e, segundo conta, como fazia faculdade de medicina no Paraguai, resolveu tentar algum trabalho na área da Saúde no município, e contatou o prefeito. A conversa inicial foi referente à adoção de um cachorro, mas Priscila aproveitou para comentar que procurava trabalho durante a conversa. Segundo ela, o prefeito ofereceu um cargo na área de Saúde.

Ainda de acordo com Priscila, em dezembro do ano passado, foi à cidade fazer uma entrevista, e acabou contratada como coordenadora de Saúde, se mudando para Pedro de Toledo para começar no novo cargo. Em seguida, já passou a atuar na função.

Mensagens de madrugada

“Eu percebi que se tratava de um jogo sexual, e realmente conversei com ele [diretor], entrei no jogo, porque estava desesperada, precisando de um emprego”, diz. Ela também afirma que o diretor enviava mensagens fora do horário de trabalho, muitas vezes até de madrugada, e ela não gostava, e às vezes nem respondia.

“Um dia, ele voltou de viagem e fez sinal com a cabeça [para ir na salinha], e eu fiz sinal dizendo que não iria. Então, ele saiu e voltou, me demitindo na frente de todos os funcionários, sem nenhuma justificativa. Até aí, tudo bem, eu já queria pedir demissão pela situação, mas ele também passou a prejudicar minha imagem com os outros funcionários, dizendo que eu não tinha a documentação certa para o cargo, e que minhas roupas eram indecentes”, diz Priscila.

A profissional também relata que uma colega de trabalho chegou a concordar, em mensagem, que as roupas dela eram inapropriadas. “Eu sempre me vesti normalmente, super bem, não tinha nada demais, tenho fotos para comprovar. Depois de todo o ocorrido, relatei tudo ao prefeito, mas não tive resposta. Eu não teria porque mentir sobre isso e me expor dessa forma, e é muito difícil você ir contra o sistema”.

Dias após a demissão, a profissional compareceu à delegacia e registrou boletim de ocorrência contra o superior. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Peruíbe, que instaurou inquérito policial para apurar os crimes de violação sexual mediante fraude e assédio sexual.

O nome do agressor não foi divulgado pois a investigação tramita em segredo de Justiça, por se tratar de crime sexual. A vítima, no entanto, decidiu se expor por conta própria e recorreu à imprensa para trazer visibilidade ao caso e tentar reduzir as chances de impunidade.

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