Morador de rua foi orientado a simular furto para ser abordado por Gabriel Monteiro
Novo vídeo vazado mostra funcionário de Gabriel Monteiro oferecendo dinheiro a morador de rua para simular furto e depois sofrer abordagem 'heróica' do vereador. O sem-teto ainda é humilhado pelo youtuber, em um episódio claro de criminalização da pobreza
Conhecido nas redes sociais por se promover em ações policiais, se apresentando como policial militar embora já esteja fora da corporação, o vereador Gabriel Monteiro (sem partido) aparece em um vídeo ao qual o portal G1 teve acesso tentando convencer um morador em situação de rua a praticar um furto na Lapa, na região central do Rio de Janeiro.
O objetivo de Gabriel e de sua equipe era simular o crime para que o vereador pudesse aparecer nas imagens que seriam veiculadas em suas redes dando voz de prisão ao suposto ladrão. No vídeo para as redes, o parlamentar aborda o morador como se tivesse flagrado o furto e diz que está “tentando [resolver a situação] no diálogo“.
Cenas de bastidores do vídeo, que não seriam veiculadas com o suposto flagrante, mas que foram feitas por um ex-funcionário do gabinete do vereador, mostram o homem, já convencido a praticar o furto, pegando e jogando no meio da rua uma bolsa vermelha que seria supostamente da vítima mulher. É neste momento que Gabriel aparece e dá voz de prisão.
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Ao perceber a armação e que a ação estava sendo filmada de dentro de um carro pela equipe de Gabriel, o morador passa a reclamar. O vereador pergunta, então, se ele acha que está certo e o morador afirma que sim e que aceitou simular o furto pelo dinheiro que ganharia porque está vivendo na rua e passando fome.
Em seguida, diante do impasse, um homem entra em cena e passa a discutir com o morador. Este homem foi identificado como integrante da equipe de Gabriel e ameaça o morador: “Vai tomar na cara! Vai tomar na cara! Tá abusando já“. O homem da equipe de Gabriel empurra o morador no chão e ameaça pegar um revólver que está na cintura.
Segundo o G1, o agressor é o soldado da Polícia Militar Pablo Batista Foligno, cedido pela corporação a pedido de Gabriel. Ele tem salário de R$ 7.500, dinheiro indenizado pela Câmara de Vereadores à Polícia Militar do Estado para que o funcionário ficasse cedido ao Legislativo da cidade. O soldado aparece também em outros vídeos da equipe de Gabriel Monteiro.
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Na última terça-feira (29), o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal adiou, por 5 votos a 2, a decisão sobre a conduta do vereador.
No último domingo (27), uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, mostrou ex-funcionários acusando Gabriel Monteiro de assédio moral e sexual. Há, também, a acusação de estupro por uma vítima que não foi identificada.
Vídeo de morador de rua sendo orientando por assessor de Gabriel Monteiro
Gabriel afirmou que o vídeo é um “experimento social”
Procurado para falar sobre os dois vídeos citados, Gabriel Monteiro respondeu:
“São experimentos sociais, um quadro difundido mundialmente em inúmeros canais na internet, nos visando desconstruir pensamentos e ideias preconceituosas propomos uma situação em que as pessoas são testadas. O intuito é sempre o mesmo, a conscientização da pessoa com a intervenção do Gabriel, que muitas vezes as auxilia a buscar um melhor caminho, bem como, ser pedagógico para a sociedade em geral que assiste o vídeo”.