Bolsonaro pode ser obrigado a participar de debates, admitem aliados
Cenário de 2022 muito mais desafiador que o de 2018: com Lula podendo vencer já no 1º turno, interlocutores do Planalto admitem que Bolsonaro será forçado a participar dos debates
A fala de Jair Bolsonaro na segunda-feira (31), indicando que não irá a debates antes do primeiro turno, é balão de ensaio. O chefe do Executivo não foi taxativo, mas deixou dúvida no ar. “Se eu for para o segundo turno, devo ir, né, vou participar. No primeiro turno, a gente pensa”, disse. Justificou a aparente hesitação dizendo que “vão querer todo o tempo dar pancada em mim”.
Segundo “auxiliares” de Bolsonaro mencionados pela imprensa em Brasília, o mandatário poderá ou não comparecer aos debates. Ele poder se ver obrigado a isso, considerando a liderança aparentemente consolidada do seu virtualmente único oponente até o momento, o petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Com a possibilidade concreta de o ex-presidente vencer a corrida eleitoral no primeiro turno – e o quadro inflacionário que o pressiona –, a postura do presidente dependerá do momento em que os debates ocorrerão.
“Cilada”
Atuante na coordenação da pré-campanha de Lula, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em entrevista ao Uol nesta quarta (1°), disse que debate sem Bolsonaro pode se tornar uma cilada para o ex-presidente. Isso porque, com sua enorme vantagem nas pesquisas, sem o atual chefe do governo, será o próprio Lula o principal alvo dos ataques adversários. “Não podemos cair na cilada lançada”, disse Randolfe. A ponderação do parlamentar pode ser uma indicação de que Lula pode não participar de debate se Bolsonaro não for.
O PT defende o formato utilizado nos Estados Unidos e pretende fazer essa proposta ao sistema de mídia, segundo informou na semana passada o jornalista Kennedy Alencar. Por Lula, haveria três debates presidenciais no primeiro turno, num modelo de pool de emissoras. Lula já tem convites para 11 debates, agenda que considera inviável. A CNN Brasil realizará o primeiro debate presidencial de 2022, anunciado para 6 de agosto.
Quanto a Bolsonaro, como lembra Leonardo Sakamoto, ele participou dos dois primeiros debates em 2018, nas TVs Bandeirantes e RedeTV!, e depois sofreu a suposta facada de 6 de setembro. “A diferença daquele momento para este é que Jair estava em primeiro lugar nas pesquisas, precisava apenas administrar a vantagem. Agora, não mais”, observa o jornalista.
Moraes: fake news pode dar em cassação do registro
Em 2018, Bolsonaro e seguidores também usaram as redes, sobretudo o WhatsApp, para disseminar fake news irrestritamente. Neste ano o controle será maior.
Em evento nesta terça no Tribunal Superior Eleitoral, o vice-presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, alertou que a punição será pesada em 2022: “Notícias fraudulentas divulgadas por redes sociais que influenciem o eleitor acarretarão a cassação do registro daquele que a veiculou”, prometeu Moraes, que será o presidente do TSE no período eleitoral.
Fique por dentro: Bolsonaro veta punição para quem disseminar fake news
No mesmo evento, Fachin convidou diplomatas estrangeiros em Brasília a “buscar informações sérias” sobre a tecnologia eleitoral brasileira e destacou a necessidade de a comunidade internacional estar “alerta contra acusações levianas” dirigidas às eleições no país.
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