Redação Pragmatismo
ELEIÇÕES 2022 18/Ago/2022 às 17:07 COMENTÁRIOS
ELEIÇÕES 2022

Pesquisa falsa no Jornal Nacional é a primeira deepfake da campanha

Publicado em 18 Ago, 2022 às 17h07

Primeira deepfake do período oficial de campanha mostra pesquisa falsa na voz de Renata Vasconcellos. Deepfakes são montagens que utilizam técnicas sofisticadas e que são difíceis de ser identificadas a olho nu

renata vasconcellos

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) manipularam uma reportagem do Jornal Nacional com dados falsos de uma pesquisa presidencial. O vídeo, que se espalhou nas redes e em grupos de WhatsApp, é a primeira deepfake do período oficial de campanha eleitoral.

A montagem mistura a voz da apresentadora do Jornal Nacional Renata Vasconcellos com os resultados de uma falsa pesquisa de intenção de votos. O vídeo é, na verdade, uma alteração da edição do dia 15 de agosto do principal telejornal da Globo.

Primeiro a gravação apresenta Renata diante da famosa bancada, anunciando que há uma nova pesquisa de intenção de votos referente ao primeiro turno da eleição deste ano. Depois, mostra uma tela com um gráfico de barras visualmente idêntico ao usado pela emissora no mesmo programa. Mas quem acompanha pesquisas eleitorais de perto nota duas alterações.

A foto do rosto do presidente Jair Bolsonaro aparece em primeiro lugar, com 44%, e a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em segundo, com 32%. A última pesquisa divulgada pelo Ipec mostrou, no entanto, exatamente o oposto: Lula em primeiro, com 44% das intenções de voto, e Bolsonaro em segundo, com 32%.

Deep fakes são montagens difíceis de serem identificadas a olho vivo e que buscam enganar o espectador, amplificando uma narrativa. É uma prática que surgiu no universo da pornografia (misturando rostos de famosos com corpos de atores e atrizes pornô) mas, em pouco tempo, foi parar na política.

Em 2020, milhares de usuários de redes sociais assistiram nos Estados Unidos a um vídeo em que a deputada Nancy Pelosi, presidente da Câmara, supostamente aparecia bêbada em uma entrevista de TV. Os responsáveis pela montagem – jamais identificados – haviam desacelerado a rotação da gravação e reduzido o ritmo da voz da congressista, conseguindo que ela realmente soasse bêbada. Um material semelhante foi elaborado contra Lula no Brasil há alguns meses.

O caso do deep fake de Renata serve de alerta para o número de mentiras que circularão em formato de áudio e vídeo ao longo das próximas semanas.

Em nota enviada ao Pragmatismo, a TV Globo confirmou que o vídeo de Renata não é original e informou que o Ipec, instituto que faz pesquisas eleitorais e é citado na deep fake, está denunciando o material no Sistema de Alerta de Desinformação Contra as Eleições do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Ministério Público Eleitoral (MPE).

Para entender o estrago que as deepfakes podem fazer na campanha:

→ SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI… considere ajudar o Pragmatismo a continuar com o trabalho que realiza há 13 anos, alcançando milhões de pessoas. O nosso jornalismo sempre incomodou muita gente, mas as tentativas de silenciamento se tornaram maiores a partir da chegada de Jair Bolsonaro ao poder. Por isso, nunca fez tanto sentido pedir o seu apoio. Qualquer contribuição é importante e ajuda a manter a equipe, a estrutura e a liberdade de expressão. Clique aqui e apoie!

Recomendações

COMENTÁRIOS