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Mulheres violadas 01/Set/2022 às 18:36 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Mistério solucionado após 4 décadas: professor matou esposa para trocá-la por aluna de 16 anos

Publicado em 01 Set, 2022 às 18h36

Mistério de 4 décadas é solucionado após podcast: professor australiano matou a esposa para trocá-la por aluna de 16 anos

Mistério solucionado décadas professor matou esposa aluna
Chris Dawson, hoje com 74 anos

Um caso que estava sem solução há mais de 40 anos, recebeu o veredicto nesta terça-feira (30/8). Um juiz da Suprema Corte de Nova Gales do Sul, na Austrália, considerou Chris Dawson, de 74 anos, culpado pelo assassinato da esposa, Lynette “Lyn”.

Chris, um ex-jogador profissional de rugby, morava com ela e as duas filhas do casal na cidade de Sydney. Eles eram uma família aparentemente normal até que ela desapareceu sem deixar vestígios em janeiro de 1982. À época, Lynette tinha 33 anos.

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Lynette, Chris Dawson e uma de suas filhas

Chris deixara o rugby no final dos anos 1970 e tinha virado professor de Educação Física em uma escola pública nas praias do norte de Sydney.

E foi justamente durante as aulas que ele se apaixonou por Joanne Curtis, uma das alunas adolescentes, que foi mencionada como JC no julgamento recém-finalizado.

Infidelidade

JC tinha apenas 16 anos quando Chris se apaixonou por ela, de acordo com detalhes revelados tanto no julgamento quanto no podcast investigativo de 2018 que desenterrou o caso, The Teacher’s Pet.

Joanne fazia parte de uma família desestruturada, onde a violência e o álcool faziam parte da rotina diária.

Apesar de ter o dobro da idade dela e ser casado, o professor estabeleceu uma relação próxima com a jovem. Chris contratou a adolescente como babá em sua casa e começou um relacionamento secreto com ela.

De acordo com o testemunho de JC durante o julgamento, ambos fizeram sexo às escondidas, quando Lynette estava dormindo ou tomando banho.

Chris Dawson estava obcecado pela adolescente, que ele enxergava como uma “substituta” para a esposa, de acordo com a avaliação do juiz Ian Harrison.

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As filhas de Chris e Lyn com JC

Apenas três dias após o desaparecimento de Lynette, a jovem estudante foi morar definitivamente com os Dawsons.

O desaparecimento

Nos meses que antecederam o desaparecimento da esposa, Chris ficou cada vez mais desesperado à medida que os planos de divórcio fracassaram e JC ameaçava terminar o caso, afirmou o juiz.

“Quando o afeto se transformou em uma relação sexual, Dawson se deparou com a dura realidade de que não poderia continuar casado e ainda manter um relacionamento cada vez mais intenso” com a adolescente, segundo o magistrado.

“A perspectiva de perdê-la causou aflição, frustração e acabou o oprimindo tanto que Dawson decidiu matar a esposa”, disse o juiz.

Chris Dawson nega ter matado Lynette e sempre afirmou que ela abandonara a ele e aos dois filhos, possivelmente para se juntar a um grupo religioso.

A polícia não encontrou um único vestígio de Lynette desde seu sumiço nos anos 1980.

Chris afirmou que a esposa ligou para ele dias depois do desaparecimento para dizer que precisava de uma pausa no relacionamento.

Essa primeira ligação, assegurou ele, foi seguida por outras, mas não existe nenhuma prova disso. Por isso, o juiz acredita que essa versão seja mentirosa.

A defesa do marido também alegou que pelo menos cinco pessoas declararam ter visto a mulher desaparecida viva depois de janeiro de 1982.

Isso também não convenceu o juiz, que considerou os episódios como erros de percepção das supostas testemunhas.

Dois anos após o desaparecimento de Lynette, em 1984, Chris Dawson e Joanne Curtis se casaram e tiveram uma filha. O casal se divorciou em 1993.

O podcast

Duas investigações sobre o desaparecimento de Lynette em 2001 e 2003 concluíram que ela foi morta por uma “pessoa conhecida”.

Mas os promotores não viram evidências suficientes para apresentar uma queixa, até que o jornalista Hedley Thomas investigou o caso num podcast.

Vencedor do Walkley, o maior prêmio de jornalismo da Austrália, The Teacher’s Pet acumulou mais de 60 milhões de downloads e alcançou o primeiro lugar nas paradas australianas. O programa também teve uma ótima audiência em Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia.

O podcast — e o impacto que o conteúdo causou na opinião pública — tiveram um papel fundamental na prisão de Chris em 2018 e na acusação de homicídio.

O juiz Harrison criticou a “visão desequilibrada” do caso e decidiu que isso havia afetado as provas fornecidas por algumas testemunhas ouvidas no passado.

A comoção gerada pelo podcast atrasou, inclusive, o início do julgamento.

A defesa até tentou paralisar o caso, argumentando que o impacto do programa privou o réu da oportunidade de um julgamento justo.

Por fim, optou-se por realizar o julgamento com um juiz em vez recorrer a um júri popular, considerando que as pessoas fora do magistrado seriam mais influenciadas pela opinião pública.

Depoimento da aluna

Durante o julgamento, JC expôs uma versão perturbadora de seu relacionamento. Disse que conheceu Dawson em 1980, quando ele era seu professor de educação física do 11º ano e logo ela foi convidada para ser a babá dos dois filhos que ele tinha com Lyn.

Ela se mudou para a casa do casal no final de 1981 e disse que fazia sexo com Dawson enquanto sua esposa dormia. A adolescente foi forçada a sair da casa quando Lyn a confrontou sobre a situação, acusando-a de “tomar liberdades” com o marido.

Dias antes do Natal de 1981, Dawson e JC arrumaram um carro com planos de fugir juntos para Queensland. No entanto, antes de chegarem à fronteira, JC ficou doente e disse que queria voltar para Sydney.

No início de 1982, a adolescente foi para South West Rocks, no meio da costa norte de NSW, de férias com sua família e amigos, e telefonou para Dawson todos os dias. JC disse que durante um telefonema Dawson disse a ela: “Lyn se foi, ela não vai voltar, volte para Sydney para me ajudar a cuidar das crianças”.

Ela voltou para a casa da família e começou a dormir na cama de Dawson e usar as roupas de sua esposa. Durante o julgamento, JC revidou a alegação de que ela tinha um “relacionamento” com o homem mais velho.

“Não era um relacionamento. Eu me oponho a isso… eu era uma criança!”, disse ao tribunal. “Eu estava cuidando de duas crianças, tendo que aprender a cozinhar, ter que aprender a limpar… ter que aprender a ser uma dona de casa substituta, escrava sexual, madrasta, babá… escrava… apenas uma escrava”, disse ela.

Os dois se casaram em 1984 e se mudaram para Gold Coast em Queensland. JC contou ao tribunal que na noite de núpcias Dawson a agarrou pelo pescoço, descrevendo-o como “assustador”.

Em 1985, JC deu à luz seu primeiro e único filho e foi após o nascimento que Dawson passou por uma mudança “enorme”. Ela disse que ele estava frustrado com sua incapacidade de se conectar emocionalmente com suas duas outras filhas e com o fato de ela ter um vínculo mais forte com sua própria filha.

Foi quando Dawson começou a mostrar um lado ainda mais violento. “Eu temia pela minha vida naquela época”, disse ela ao tribunal.

JC disse que sentia-se isolada vivendo na propriedade de 3 hectares e relembrou um incidente em que ela saiu e comprou um fio dental. “Ele ficou violento comigo e disse: ‘Você não vai usar isso para ninguém além de mim’”. “E coisas do tipo ‘Você não tem nenhum direito’. E ele os arrancou de mim.”

JC disse ao tribunal que estava em “situação de violência doméstica” e era “diariamente, o tempo todo”.

À medida que a situação continuava a piorar, ela se lembra de ter dito a Dawson: “Você se livrou de sua primeira esposa, poderia facilmente se livrar de mim”. “Ele ficou completamente parado… e disse ‘não diga coisas assim'”.

O casal acabou se divorciando em 1990, com JC ganhando a guarda de sua filha.

Durante o interrogatório, a advogada Pauline David acusou JC de inventar as alegações de violência doméstica, incluindo que ele colocou as mãos em volta do pescoço dela na noite de núpcias. “É parte de sua determinação absoluta de destruir Christopher Dawson”, disse.

JC contestou: “Eu não vou destruí-lo, ele vai se destruir pelo que fez com as pessoas – comigo, com Lyn. Estou dizendo a verdade” .

O veredicto

O juiz Harrison deu o veredicto na terça-feira, após um julgamento de três meses que incluiu evidências e depoimentos de várias testemunhas.

Embora nenhuma das evidências fosse conclusiva por si só, depois de avaliá-las como um todo, o magistrado decidiu que a culpa de Chris Dawson era “convincente”.

O juiz rejeitou a versão do réu de que Lynette Dawson deixou a casa de forma voluntária.

Ele avaliou que a vítima “idolatrava os filhos e o marido” e que todos os os bens dela permaneceram na casa da família após o desaparecimento.

“Até as lentes de contato foram encontradas em um recipiente azul”, alegou.

Além disso, desde que Lynette desapareceu, nenhum dos amigos e dos familiares teve notícias ou qualquer indicação de que ela pudesse estar viva em qualquer lugar do mundo.

Tomando as provas circunstanciais como um todo, o juiz afirmou que, “sem dúvida”, Chris matou sua esposa e se livrou do corpo.

Após o veredicto, o culpado foi algemado e saiu da sala balançando a cabeça, mostrando-se insatisfeito.

A família

Os familiares de Lynette Dawson presentes no tribunal reagiram ao veredicto com lágrimas.

O irmão, Greg Simms, afirmou que a decisão do tribunal apenas confirmou o que eles já sabiam há anos. “Ela amava a família e nunca os deixou por vontade própria. A confiança, no entanto, foi traída por um homem que ela amava”, explicou Simms à imprensa, visivelmente emocionado.

Ele também fez alusão ao corpo nunca encontrado e a Chris Dawson, a quem pediu para “finalmente fazer o que é certo” e “nos permitir trazer Lynette para casa e descansar em paz, oferecendo a dignidade que ela merece”.

A família também expressou gratidão a JC, dizendo que ela desempenhou um “papel fundamental” no julgamento.

Falando no programa Today, a sobrinha de Lyn, Renee Simms, citou JC como “vítima”, que apesar de ser declarada como motivo para  Dawson fazer o que fez, ela era adolescente na época. “Sempre pensamos que ela é uma vítima nisso também”, disse Simms.

“Estamos incrivelmente gratos por ela ter tido a coragem e a vontade de se apresentar, porque ela desempenhou um papel fundamental para obtermos o veredicto que recebemos ontem. Não a culpamos por nada disso.”

A sentença completa será divulgada em breve, em data ainda a ser determinada.

A defesa indicou que Chris Dawson provavelmente entrará com um recurso para tentar reverter o caso.

Com BBC e Agências

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