Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 14/Set/2022 às 21:04 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

PM de Curitiba que matou ex-esposa comete suicídio durante negociação para se entregar

Publicado em 14 Set, 2022 às 21h04

Após matar ex-esposa em Curitiba, PM comete suicídio durante negociação para se entregar. Vítima registrou Boletim de Ocorrência contra o policial dias antes do crime, mas nada foi feito

PM Curitiba matou ex-esposa comete suicídio durante negociação entregar
Dyegho Henrique matou e se suicidou

g1

O soldado da Polícia Militar (PMPR) Dyegho Henrique Almeida da Silva matou a ex-esposa a tiros em uma rua de Curitiba (PR), no final da tarde desta terça-feira (13). Segundo a polícia, ele alvejou o carro que a vítima dirigia. Câmeras de segurança flagraram o soldado atirando contra o veículo.

O suspeito permaneceu no veículo com o corpo da mulher, Franciele Cordeiro e Silva, e, segundo a polícia, após cerca de quatro horas de negociação, ele cometeu suicídio.

Franciele tinha 29 anos, trabalhava como enfermeira e deixa três filhos, de outro relacionamento. Ela está sendo velada nesta quarta-feira, na Capela Mortuária Santa Cândida. O sepultamento dela está marcado para quinta (15), às 17h, no Cemitério Municipal Santa Cândida.

Câmeras flagraram parte da ação

Câmera de segurança flagraram o soldado, que dirigia uma moto, parando o veículo da ex-esposa na Rua Francisco Nunes, do bairro Rebouças. Na sequência, o homem atira várias vezes. As imagens mostram ainda a motorista do carro dando marcha à ré para tentar fugir.

PM Curitiba matou ex-esposa comete suicídio durante negociação entregar
Dyegho Henrique matou a tiros a ex-esposa

Uma outra câmera registrou o momento em que o carro bate em um outro veículo, que vinha atrás. Em seguida, uma jovem aparece correndo pela rua. Segundo a polícia, a motorista estava acompanhada de uma adolescente, de 11 anos, filha dela. A garota conseguiu escapar.

Uma testemunha, que estava em uma loja próxima de onde o crime aconteceu, disse ao g1 que ouviu vários disparos. Segundo a testemunha, os tiros pararam por alguns segundos e, logo depois, novos disparos foram feitos.

“A gente imagina uns 10 tiros no total. Quando o pessoal saiu na porta aqui, já tinha um policial apontando uma arma para ele. O cara estava do outro lado do carro”, disse a testemunha.

Vídeos mostram que ruas do entorno foram fechadas para o atendimento da polícia. Testemunhas disseram que ficaram impedidas de sair de estabelecimentos próximos ao local.

Polícia diz que PM já foi afastado por ‘questões psicológicas’

A corporação informou que Dyegho ficou três meses afastado por “questões psicológicas”, e que, em abril, retornou ao serviço, em atividades administrativas. Ele recebeu a arma de volta, após uma reavaliação, em que demonstrou “condições de portar” o armamento.

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira (14), a Polícia Militar informou que apesar do afastamento por questões psiquiátricas, Dyegho não apresentava nenhuma alteração comportamental nas atividades que exercia no batalhão.

Desde que retornou às atividades, em abril, ele estava trabalhando no Centro de Operações Policiais Militares (Copom), pelo 190, nas operações do rádio.

“Não apresentou nenhum comportamento alterado nos últimos serviços. Então, a gente tem uma visão de um policial que trabalha fazendo suas tarefas sem qualquer tipo de alteração comportamental. Inclusive, observando a ficha dele, ele tem elogios. É um policial que tem uma conduta, o comportamento dele é ótimo. É um fato lamentável”, disse o chefe do Copom, Major Cordeiro.

O integrante da Junta Médica da PM, tenente-coronel Darwin Takahiro Shiwaku, afirmou que, protocolarmente, nos casos de afastamento, o militar procura o médico assistente e passa por uma avaliação da junta médica para poder retornar.

“Em casos psiquiátricos, a arma é retirada. No caso dele, em específico, ele ficou em uma quarentena de três meses, sem o porte de arma. Na restituição, ele foi reavaliado para ver se tinha ou não condições de portar a arma”, disse.

Ainda segundo Shiwaku, a polícia dispõe de convênios com hospitais psiquiátricos que acompanham os militares afastados.

Vítima registrou Boletim de Ocorrência contra ele dias antes do crime

Franciele havia registrado Boletim de Ocorrência (B.O.) contra Dyegho, em que relatou ter sofrido ameaças.

No B.O. registrado pela vítima, ela relatou que teve um relacionamento com o policial por um ano e que os dois haviam se separado havia um mês. A mulher informou que, na sexta-feira (9), o suspeito ligou para a casa dela e fez ameaças.

Depois de ela desligar o telefone, de acordo com a vítima, uma pessoa informou que o PM estava em frente à casa dela. No documento, a mulher disse que ligou para a Polícia Militar e alertou que o homem estava “transtornado” e rondando a residência.

No B.O. , a vítima explicou que “como a casa estava alugada em nome dos dois”, o Dyegho comunicou a saída do imóvel para a imobiliária, para tentar chantagear a vítima, obrigando-a a sair.

Ainda à polícia, Franciele disse que, no ano passado, engravidou e que ele insistia para que ela abortasse. A mulher disse à polícia que o militar chegou a ajudá-la a montar o quarto do filho que ela esperava, mas que ele deu a ela um remédio abortivo sem que ela soubesse durante uma relação sexual.

A criança morreu dias após o nascimento, que foi prematuro, segundo ela. A mulher relatou ainda que, após uma depressão, o militar chegou a ser afastado dos trabalhos.

Nesta quarta-feira (14), a Polícia Civil informou que a vítima registrou o boletim no domingo (11). “Na segunda-feira, foi solicitada a prisão do suspeito, o qual estava em andamento. Também foi requerida medida protetiva para a vítima”, disse.

A Polícia Militar (PM) informou que se solidariza com os familiares das vítimas e lamentou o ocorrido. “Todos os procedimentos de segurança foram adotados pelas equipes policiais desde a primeira intervenção e as tratativas foram feitas de forma incessante”, disse a corporação.

A corporação disse também que as motivações serão devidamente apuradas posteriormente.

Conforme a polícia, haverá uma investigação militar e um procedimento foi encaminhado à Delegacia da Mulher para apuração do caso, para onde foi encaminhada a arma usada pelo policial no crime.

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