Redação Pragmatismo
Educação 15/Set/2022 às 10:48 COMENTÁRIOS
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Donos de creche particular serviam arroz com barata, relatam ex-funcionárias

Publicado em 15 Set, 2022 às 10h48

Arroz com barata e humilhações: proprietários de creche particular destratavam funcionárias. "Eu sou rica e você é pobre! Entende que eu fico 6 meses em Orlando, 6 meses na França? Londres? Amor, eu tenho renda passiva, investimento". Vizinhos do local relatam que as crianças também sofriam abusos

Danielle Bárbara da Fonte Moraes
Danielle Bárbara da Fonte Moraes, dona da Fonte Reis Prime

Ex-funcionárias da creche particular Fonte Reis Prime, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, denunciaram os proprietários do local por humilhações e maus-tratos. Segundo os depoimentos, Danielle Bárbara da Fonte Moraes e o marido Thiago da Silva Moraes, agrediam os profissionais contratados.

Em um áudio vazado, Danielle reage com ofensas quando uma funcionária diz que vai à polícia denunciar a creche. “Eu não vivo daquilo! Eu sou rica! Eu disse que eu sou rica!!! Eu não trabalho. Entende que às vezes eu fico seis meses em Orlando, seis meses na França, Londres? Amor, eu não trabalho porque eu preciso. Eu tenho renda passiva, tenho investimento. Eu sou rica!!! Você é pobre!!!”, disse.

A auxiliar de desenvolvimento infantil Amélia Marracho Rodrigues contou que foi agredida por reclamar que tinha barata no arroz servido aos funcionários.

“Ela pegou no meu cabelo, eu caí no chão para que ela pegasse meu celular que estava na minha cintura, porque eu disse que estava gravando toda a situação. A (agressão) verbal eu venho sofrendo desde eu comecei a trabalhar lá, com comentários maldosos”, comentou Amélia.

Uma outra ex-funcionária da creche, a professora Isabelle Lira, de 28 anos, confirmou a versão de Amélia e relatou que presenciou as baratas no arroz. “Fui mexendo na comida e tinha patinha, troncos, cascas”.

Thiago também é acusado por uma professora, que não quis ser identificada, por constrangimento ilegal. A ex-funcionária prestou queixa contra o diretor por tê-la mantida presa em uma sala, sem seus pertences e sem poder pegar o telefone, até que ela assinasse um documento comprovando que seu pagamento de férias tinha sido feito, o que não era verdade.

Segundo a profissional, Thiago tinha tomado conhecimento de que ela havia entrado com um processo trabalhista contra a escola, exatamente pelo não pagamento de férias anteriores e por não receber pela carga de trabalho dupla que realizava. A professora contou que Thiago disse que ela não sairia da sala enquanto não assinasse, e que, então, coagida, assinou e logo em seguida procurou a polícia.

De acordo com vizinhos da creche, as crianças atendidas na instituição também sofriam com os abusos dos proprietários. “O que me apavora são os gritos das crianças. Elas choram muito, muito. Inclusive eu escuto, algumas vezes, a professora falar ‘cala a boca, cala a boca, cala a boca'”, contou uma vizinha.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro diz que um inquérito foi aberto para investigar o caso.

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