Alex sobre futebol brasileiro: "CBF é sala de reuniões. Quem cuida é a Globo"
Alex critica condução do futebol brasileiro: ‘Quem cuida é a Globo. A CBF é apenas sala de reuniões’
Aos 35 anos, ele é artilheiro do Coritiba no Brasileirão com seis gols e tido por muitos como o craque da competição nacional até agora.
Na entrevista a seguir, realizada pelo periódico lancenet, o camisa 10 do Coxa não fez média com ninguém, declarou que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) se submete à Globo, alertou que grandes jogadores não são suficientes para lotar estádios no Brasil, criticou a profissionalização de jogadores aos 16 anos – fruto da Lei Pelé – e também destacou que no Brasil há mais preocupação com a parte física que técnica.
– Acho que a CBF não tem uma interferência dentro do futebol tão grande. A CBF cuida apenas da Seleção Brasileira. Quem realmente cuida do futebol brasileiro é a Globo. A gente sabe que a Globo trabalha na dependência da novela. A gente brinca aqui no Coritiba que os jogos de quarta-feira só rolam depois do último beijo da novela – desabafou o jogador, ao ser abordado se o jogador no Brasil se preocupa com a política do futebol.
– Pô, a gente joga bola dez horas da noite. Eu, que vou jogar, vejo uma situação ruim, preciso ficar no hotel o dia inteiro esperando um jogo dez horas da noite. Isso é ruim. Mas estou dentro de um hotel, confortável, tranquilão, vou jogar 90 minutos, tomar banho e vou embora para casa. E o torcedor? O cara sai de casa ou do trabalho, precisa ir para o estádio dez horas da noite, assistir ao jogo, voltar para casa, e ainda precisa acordar sete horas da manhã no outro dia. Poxa, isso é desumano. Por isso que os estádios estão vazios. A CBF é apenas uma sala de reuniões – complementou.
Mais do que criticar duramente os cartolas do principal esporte do país, Alex ainda demonstrou enorme preocupação com a formação dos jovens jogadores. Mas, segundo ele, o Brasil ainda pode reencontrar o caminho do sucesso.
– A Lei Pelé bagunçou um pouquinho a coisa. Não sei se a culpa é do Pelé, mas a lei leva o nome dele. Quando você oferece o nome, você também oferece responsabilidade. Você ter um contrato profissional aos 16 anos, isso aí mudou muita coisa. A molecada hoje em dia chega para treinar com empresário, assessor, quatro ou cinco celulares. Para piorar, hoje é assim: “Pô, esse garoto aí é baixo”. Poxa, nem olham para ver se ele tem qualidade, tiram a conclusão somente pela altura. A nossa escola na parte técnica está perdida. Mas ainda dá tempo de recuperar. Trazendo a discussão para dentro dos clubes, local onde se formam os jogadores, deixamos de lado a parte de técnica e priorizamos a parte física – finalizou.