Quando o filho relata a homossexualidade para o pai...
Quando o filho(a) relata a homossexualidade para os pais a resposta é quase sempre de interrogação. Primeiro se culpam, aonde foi que eu errei? E logo após o susto, atribui a culpa ao outro cônjuge
Por Dalva de Jesus Cutrim Machado
Falar de sexo não é um tema novo, temos relatos que os primeiros habitantes da terra preocupavam-se com sua sexualidade, mesmo porque ela faz parte da personalidade de cada um, sendo uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da sua vida.
A partir da época em que os primórdios da humanidade preocupavam-se com sua sexualidade é que parece ser estabelecidos os mitos, preconceitos e tabus a respeito de sexo e sexualidade. Porém, hoje vive-se uma nova era com mudanças de paradigmas como forma de elucidar os arraigados preconceitos, mitos e tabus formados ao longo de uma sociedade.
As mudanças na sociedade moderna tem ocorrido com tanta rapidez que fica difícil para os pais processarem tanta informação ao mesmo tempo, para poder a partir de então, desconstruir um repertório e crenças sexual adquirido há séculos. A falta de entendimento das informações trazidas atualmente sobre sexo e sexualidade para os pais parece ser um dos fatores relevantes para que a maioria das famílias relutam no primeiro momento a aceitar a identidade homossexual do filho(a).
É sabido que quando o filho(a) relata sua homossexualidade para os pais a resposta é quase sempre de surpresa e interrogação: o que? Primeiro se culpam, aonde foi que eu errei? E logo após o susto, atribui a culpa ao outro cônjuge. A maioria dos pais desejam que seus filhos levem uma vida sem muito sofrimento, embora a heterossexualidade não seja um passaporte de garantia para a felicidade e bem estar de todos. Sabe-se que jovens gays enfrentam muitos problemas como preconceitos, que os outros jovens ditos héteros não sofrerão.
É fato, que não é uma tarefa fácil para os pais e filhos principalmente, enfrentarem a homossexualidade, ou seja, a atração e desejo sexual, emocional, amoroso e prazeroso por uma pessoa do mesmo sexo. Mas, há de se respeitar a individualidade sexual de cada um, porque sexo só diz respeito para a pessoa que as pratica e mais ninguém. Cada um tem o seu direito de exercer a sua sexualidade sem interferência do outro. O que leva a pessoa a se achar no direito de escolher o parceiro(a) que julgam ser o certo para o outro? Onde fica o livre arbítrio? A pessoa tem o direito de ser o que ela quiser desde que respeito o direito do outro também.
Como forma de justificativa de um modelo social ultrapassado até hoje busca-se incessantemente saber a etiologia da homossexualidade como se o ser humano fosse única e exclusivamente sexo, não levando em consideração as outras dimensões existências do ser tais como: o caráter a moral, dignidade, respeito e amor ao próximo. Nessa busca, tem-se encontrado evidencias que fatores genéticos e ambientais, poderão ser favorecedores para determinar a orientação sexual, mas até o momento não se sabe ao certo qual seria a causa. O que tem-se observado é que a atração e desejo sexual por pessoa do mesmo sexo é instintivo e involuntário, ou seja, a pessoa não consegue dominá-lo e como consequência não tem controle sobre sua orientação sexual. Tenho escutado relatos daqueles que dizem: O que eu mais queria era gostar do sexo diferente mas não consigo e por essa razão sofro por mim e pela minha família. E como tentativa de evitar mais sofrimento é comum tentar esconder da família e dos amigos pelo medo do preconceito, sentimento de culpa e vergonha, pelo temor da rejeição e abandono por não ter conseguido corresponder especialmente as suas expectativas e as perspectivas das outras pessoas.
No momento da descoberta da identidade homossexual do filho(a) o importante é que haja compreensão, se não pelo menos que se tenha aceitação, a força da família é essencial para o enfrentamento dos preconceitos que certamente haverão de surgir. Deste modo os pais poderão colaborar para evitar angustia, baixa autoestima tristeza, sentimento de vergonha e inferioridade até depressão dos filhos. Por ser gay a pessoa não deixou de ser humano, tem sentimentos, emoções, sensações como qualquer pessoa hétero, além do mais por décadas os homossexuais foram submetidos a marginalização e estigmatizarão social e tentativas frustradas de tratamento porque sabe-se até o momento que não é uma doença e sim uma orientação sexual, ou seja, um modo de ser e se comportar sexual da pessoa.
É fundamental os pais estarem conscientes da realidade da vida dos filhos, pais que tem filhos gay devem acolhê-los, isto sim, é um gesto de demonstração de amor, cuidado, afeto, respeito e generosidade.
Para aqueles que se encontram com dificuldades nessa aceitação não pensem duas vezes em procurar uma ajuda terapêutica. A psicoterapia comportamental cognitiva associada a terapia sexual tem favorecido auxilio e informação na área da sexualidade com ética e técnicas apropriadas para cada caso respeitando a individualidade de cada um. Ela possibilita mudança de percepção que a pessoa tem do mundo e da vida, promovendo novas descobertas e formas de agir e de se comportar no seu contexto. Assim, tem conseguido oferecer resultados excelentes para que a pessoa aprenda a lidar com a sexualidade. O mais importante na vida é ser feliz!
Dalva de Jesus Cutrim Machado, mestre em Psicologia, especialista em: Psicopatologia Clínica, Sexualidade, Profª. dos cursos de Sexologia Forense e Sexualidade Humana pela PUC-GO e Pós – Graduação em Neuropedagogia, pela FABEC e Impactos Mato Grosso. (Diario da Manhã)