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ELEIÇÕES 2022 06/Out/2022 às 22:23 COMENTÁRIOS
ELEIÇÕES 2022

“Picanha do Mito” que causou morte de mulher em Goiás estava estragada, diz Procon

Publicado em 06 Out, 2022 às 22h23

Procon encontrou quase 50 quilos da “Picanha do Mito” em situação imprópria para consumo. Promoção previa a venda por R$ 22 de um quilo do produto que custava originalmente R$ 129,99

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Imagem: redes sociais

O frigorífico que gerou tumulto por anunciar a ‘picanha do mito’ a R$ 22 no dia da eleição foi autuado, nesta quarta-feira (5), pelo Procon-Go por vender alimentos impróprios para o consumo. De acordo com o órgão, o estabelecimento também foi notificado a prestar esclarecimentos, em um prazo de 10 dias, sobre a promoção realizada no domingo (2), em Goiânia.

Segundo o Procon, o valor real da carne vendida a R$ 22 nas eleições era de R$ 129,99. Na promoção que tumultuou o estabelecimento no domingo, uma mulher passou mal e acabou morrendo.

Durante a fiscalização do Procon, foram apreendidos mais de 44 quilos de carne refrigerada sem informações sobre a data da embalagem e o prazo de validade, além de além de 5,5 kg de carne e 10 unidades de tempero e suco de laranja vencidos. Os alimentos vencidos foram descartados no local.

Com a autuação, a empresa pode pagar uma multa que varia de R$ 754 a R$ 11,3 milhões.

Procon ressalta que, no termo de notificação, solicitou a relação dos produtos ofertados no domingo, além das seguintes informações:

– Preços reais dos produtos;
– Preços promocionais ofertados;
– Duração da oferta;
– Condições impostas ao consumidor para participar da promoção;
– Cópias das notas fiscais de compra dos produtos colocados em ofertas, do período de 2 de setembro a 2 de outubro;
– Informações sobre o estoque inicial e final no dia da promoção.

Também foram solicitadas pelo órgão as imagens capturadas pelas câmeras de segurança do local durante a promoção, principalmente as do interior do estabelecimento.

Possível crime eleitoral

No domingo (2), o juiz eleitoral Wilton Muller Salomão suspendeu a propaganda e a venda da “picanha mito” a R$ 22 por quilo, anunciada neste domingo (2) pelo Frigorífico Goiás, em Goiânia. A decisão ainda determinou multa de R$ 10 mil por hora em que a promoção ficar publicada no ar.

A propaganda usada pelo estabelecimento para a divulgação da promoção usava a imagem do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).

“A venda de carne nobre em preço manifestamente inferior ao praticado no mercado, no valor de R$ 22, revela indícios suficientes para caracterizar, em sede de um juízo não exauriente, conduta possivelmente abusiva do poder econômico em detrimento da legitimidade e isonomia do processo eleitoral”, escreveu o magistrado.

Saiba mais: Qual é a carne de R$ 2 mil consumida por Bolsonaro que foi citada no debate?

“Domingão dia 2 de Outubro, picanha mito R$22 reais kg limite de duas peças por cliente. Promoção válida para unidades de Goiânia, e para quem estiver com a camiseta do Brasil 🇧🇷. Marque aqui seu amigo que ama uma Picanha Gordinha 😋”, descreve a postagem.

Em entrevista ao g1, um especialista em justiça eleitoral, que não quis se identificar, informou que o desconto de mais de R$ 100 no kg de picanha pode ser configurado como um “incentivo” ao eleitor votar em Bolsonaro.

“Pode ser um elemento para incentivar o voto. Claro que deve ser analisado, mas pode ser configurado crime de corrupção eleitoral”, disse o especialista.

Relembre o caso

Uma mulher morreu no último domingo (2) após um tumulto gerado por uma promoção do ‘Frigorífico Goiás’. O estabelecimento comercial anunciou a venda da “picanha mito” por R$ 22 para quem usasse uma camiseta amarela de apoio a Jair Bolsonaro (PL).

Um vídeo mostra diversos clientes aglomerados tentando forçar a entrada no local. As portas de vidro se quebraram. Seguranças tentaram conter o tumulto, mas acabaram sendo empurrados. A Polícia Militar foi chamada para tentar acabar com a confusão.

“Eles anunciaram que o quilo da picanha de R$ 129,00 seria vendido por R$ 22,00 para quem aparecesse no açougue vestido com roupas de apoio a Bolsonaro. As pessoas aglomeraram, começaram a se bater, foi um inferno. Lamento muito que a mulher tenha morrido, outras pessoas passaram mal”, relatou uma testemunha.

O caso foi registrado inicialmente como morte acidental. O marido da vítima é bombeiro aposentado e disse a mulher acabou sendo espremida na porta. Ela conseguiu ser retirada do local e retornou para o carro, mas o homem relatou que a perna da esposa estava muito inchada e ela reclamava muito de dor. A vítima foi levada para um hospital, mas não resistiu e morreu devido a uma hemorragia interna.

Antes da morte da mulher, a primeira-dama Michelle Bolsonaro elogiou a ação do frigorífico nas redes sociais. “Muito patriota”, comento Michelle na postagem do açougue no Instagram.

Com g1

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