Bolsonaristas invadem sacristia e atacam padre que discursou contra oportunismo eleitoral
Padre Camilo Júnior puxou aplausos para 'Deus' e 'Nossa Senhora' e disse que “12 de outubro é dia para se pedir benção e não votos”. Bolsonaro, que foi para Aparecida fazer campanha, decidiu sair do local mais cedo. Apoiadores do presidente invadiram a sacristia e atacaram Camilo
Em uma pregação histórica no dia em que Jair Bolsonaro (PL) tentava fazer campanha eleitoral no Santuário de Aparecida, o padre Camilo Júnior afirmou que o Dia da Padroeira não era o momento de pedir de voto, mas de “pedir bênção” à santa. O vídeo viralizou nas redes (assista aqui).
“Parabéns a você que está aqui dentro da Basílica, rezando. Você que entendeu que hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida. É a ela as nossas palmas, é a ela a nossa aclamação, é a ela o nosso ‘viva’. Só temos segurança nas mãos de Deus e no colo de Maria”, disse.
“Parabéns a você que está aqui dentro e testemunha. Parabéns a você que está aqui dentro e está rezando, porque hoje não é dia de pedir voto. É dia de pedir benção”.
O celebrante foi muito aplaudido pelos fieis. Ele afirmou ainda que “tem pessoa que deseja a morte do outro, mas o outro é semelhante”. Júnior disse ainda que, se a população está vivendo assim, é porque já se “despiu do amor de Cristo”.
“O contrário do amor é a indiferença. Quando eu não permito mais que a vida do meu semelhante seja importante. Podemos ver crianças abandonadas, idosos caídos nas margens das calçadas, famílias com suas mesas vazias. E eu não sinto nada. A dor do outro não mais me atinge. Se estamos vivendo assim, é porque nós nos despirmos do amor de Cristo”, disse.
Atacado por bolsonaristas
Apoiadores de Bolsonaro não gostaram da fala do padre Camilo e invadiram a sacristia para atacar o religioso. Um vídeo divulgado pelo jornal O Vale mostra o momento da invasão e das agressões.
“A gente de agora em diante não ajuda mais campanha de devoto e não doa mais dinheiro para padre nenhum. Porque têm padres que valem a pena, mas têm uns outros que estão pregando o islã”, diz a mulher, se confundindo e emendando em seguida: “a droga, a fome, o aborto, tudo mentira, porque Bolsonaro não deu as vacinas no momento certo, ele não ia ficar picando todo mundo”.
Os militantes bolsonaristas também reclamaram que o sino da igreja tocou por muito tempo, o que teria impedido uma participação mais ativa de Bolsonaro durante o evento religioso. Os apoiadores ficaram furiosos porque o presidente não teve chance de fazer campanha e pedir voto.
Durante a missa, Bolsonaro não comungou. O chefe do Executivo também permaneceu calado na maior parte da cerimônia, não completou as orações dos ritos religiosos nem rezou o Pai Nosso.
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