"Quem votou no Lula e chegar no hospital vai morrer", diz médico bolsonarista
Médico que disse que vai "deixar eleitores de Lula morrer" se tornou alvo de investigação do Ministério Público e também de uma sindicância do CRM. Após o áudio viralizar, Ygor José Saraiva agora se diz 'arrependido'
Um médico de Nova Andradina, no interior de Mato Grosso do Sul, é alvo de uma apuração do Ministério Público estadual por causa de áudio (ouça abaixo) em que ele ameaça “deixar morrer” eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
🚨DENÚNCIA: Médico bolsonarista diz que não vai atender eleitores do Lula em hospital de Nova Andradina-MS:
“Quem votou no Lula e chegar no hospital, vai morrer, porque eu não vou ajudar. Quem vota em bandido tem que tomar no cu. Nós aqui é Bolsonaro. pic.twitter.com/3ApwEBDT7U
— CHOQUEI (@choquei) November 3, 2022
A fala de Ygor José Saraiva, diretor clínico do Hospital Regional Francisco Dantas Maniçoba, ocorreu na manhã do último domingo, dia da votação que elegeu o petista. O profissional será alvo também de uma sindicância do Conselho Regional de Medicina (CRM).
“Votar em bandido tem que tomar no c*, né? Porque o Lula é bandido. Quem vota em bandido, bandido é. Quem não gostar fala comigo. Votar no Lula e chegar morrendo no hospital, vai morrer. Porque eu não vou ajudar”, diz o médico em um trecho do áudio.
O CRM-MS informou que recebeu a denúncia sobre o áudio e e que “abrirá sindicância para apurar os fatos e tomar as devidas providências”. Já o vereador Josenildo Ceará diz em seu ofício ao MP que, além de providências para o caso, acionou o hospital para que investigue a conduta do médico.
Arrependido
Em nota, Saraiva afirmou estar arrependido das palavras que disse e afirmou que a fala ocorreu quando estava numa loja de conveniência com amigos, comprando carne. “Comecei a brincar sobre a compra que estava fazendo, tirando uma onda em tom de brincadeira sobre promessa política de tal candidato. Com isso, acabei dizendo palavras das quais me arrependo”, diz um trecho.
O médico alegou que não dirigiu as palavras a ninguém e que fazia “uma brincadeira” com um amigo. Ele disse que sua fala foi gravada sem sua autorização e afirmou que as palavras foram “da boca para fora, e num momento inoportuno, dentro de uma conveniência”.
Saraiva frisou que dá sempre o seu melhor no atendimento médico e alega que, apesar de sua profissão, é um “ser humano passível de erros com as palavras”: “Também tenho sentimentos, cometo erros como qualquer pessoa, mas tenho também o senso do dever de me retratar”. Ele afirmou que não pensa em prejudicar ninguém e terminou novamente se desculpando. “Desde já, mais uma vez peço desculpas a quem se sentiu ofendido”, escreveu.